Carteiras vazias: pais preferem retorno das aulas em 2021

Estão sendo feitos estudos, enquetes e protocolos, pela Secretaria de Estado de Educação (SEED) e Secretaria de Estado da Saúde (SESA), para debater o possível retorno das aulas presenciais este ano, na rede estadual e municipal, pois houve a paralisação, em março, quando iniciou a pandemia da Covid-19, e desde então, as aulas estão acontecendo remotamente.

O chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE), Marcelo Fabricio Chociai Komar, afirmou que não há previsão de retorno. “Apesar de, nos últimos dias, as mídias terem debatido fortemente a possibilidade de retorno em setembro, ainda não temos nenhuma data definida, pois depende da avaliação e autorização da SESA”, disse o chefe do NRE.

O governador solicitou aos presidentes das microrregiões para que debatessem, juntamente com os prefeitos associados, a proposta elaborada para a volta as aulas presenciais na rede municipal, já que a rede estadual e a rede municipal precisam andar juntas, conforme afirmou o presidente interino da Associação dos Municípios do Centro-Sul do Paraná (Amcespar), Vanderlei Kawa.

Nesta reunião, foram levantados quatro argumentos. “Primeiro de tudo, a saúde de todos é a prioridade; se houver o retorno os funcionários do grupo de risco não poderão voltar, que desencadeia o terceiro problema, que é a contratação de novos funcionários, sendo que a principal fonte de renda dos municípios caiu 11,5%, que é FPM; além de ter que investir em material e equipamentos de higiene, para manter todos em segurança”, explica Kawa.

A secretária Municipal de Educação de Irati,Rita de Cássia Penteado de Almeida, informou que o município aguarda a decisão do estado. “Estamos formando o nosso comitê, e só quando a SEED e a SESA derem a sua opinião é que tomaremos alguma decisão, por enquanto, continua como está, ensino remoto. E caso volte, os pais serão livres para escolher. Mas temos que pensar no todo, alunos, professores, funcionários e famílias”, disse.

COMITÊ

O Comitê “Volta às Aulas” definiu um protocolo de retorno, havia uma previsão de voltar em setembro, mas, diante da atual situação dos casos do estado, ainda não há como retornar. “Em momento algum o governo disse que iria voltar, é uma época de incerteza, em que tudo precisa ser avaliado e por enquanto as aulas remotas permanecem”, afirma o presidente interino da Amcespar.

Na reunião com SESA e Associação Brasileira de Epidemiologia, no dia 28 de julho, os epidemiologistas aprovaram o protocolo de retorno elaborado pelo Comitê, e definiu o como será o retorno. O quando será definido pela Secretaria de Saúde, com base no desenvolvimento da pandemia. A previsão de retorno será confirmada pela SESA nos próximos 14 dias. Neste intervalo de tempo, a SESA está definindo uma metodologia para determinar, por regionais, quais locais poderão voltar às aulas e quais não podem, com base no avanço ou não da pandemia.

O QUE TEM NO PROTOCOLO?

Neste protocolo, que vem sendo avaliado e debatido para retorno das aulas presenciais, estão expostas orientações e várias medidas que deverão ser adotadas, dentre elas destacamos algumas:

Contabilizar número de alunos fazendo revezamento para aulas presenciais e aulas online; pais ou responsáveis decidem sobre o retorno presencial dos filhos; garantir o distanciamento mínimo de 1,5 m; escalonar a entrada, saída, intervalos e recreio; o transporte escolar só poderá tem 50% dos veículos ocupados; em todos os espaços, todos deverão usar máscaras, álcool gel; triagem de temperatura corporal; repassar aos pais o protocolo geral e o protocolo individual de cada instituição; organizar escalas, para que todas as turmas sejam atendidas presencialmente pelo menos uma vez por semana; escalonar professores e todos os funcionários da instituição; higienização dos espaços e objetos; instituições deverão promover, presencialmente e online, campanhas de conscientização quanto a higiene, entre outras medidas descritas no protocolo.

Também fica esclarecido as preferências que podem ser dadas. O possível retorno deverá ocorrer de maneira escalonada, semanalmente, por regional, conforme o desenvolvimento da pandemia, respeitando a decisão da SESA, na seguinte ordem: 1º estudantes do 3º ano do Ensino Médio e 9º ano do Ensino Fundamental; 2º estudantes do Ensino Médio; 3º estudantes do Ensino Fundamental I e II; 4º estudantes da Educação Infantil e o retorno de alunos menores de dois anos não ocorrerá, devido à dificuldade de cumprimento das normas.

O Líder do Governo e Presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, deputado Hussein Bakri (PSD), afirmou que a reabertura das escolas no Paraná não vai ocorrer sem que todas as questões sanitárias estejam superadas. “O Governador Ratinho Junior e os secretários Beto Preto (Saúde) e Renato Feder (Educação) têm muita responsabilidade e estão ouvindo e respeitando todos os atores envolvidos, inclusive os deputados. Há um protocolo com uma série de regras sendo debatidas para a reabertura das escolas, porque é natural que isso seja feito antecipadamente”, esclarece Bakri.

OPINIÃO DA PROFESSORA

Juliana Bastos é professora de História na rede estadual de educação e expressou seu posicionamento a respeito da situação. “Este ano está sendo totalmente atípico é extremamente prejudicial à muitos setores, inclusive à educação, mesmo tendo todos os recursos como canal de TV, canal no YouTube, aplicativos. Estes recursos são válidos e importantes, mas não substituem, de forma alguma, a presença, o contato e a troca que há na sala de aula. Está sendo cogitada a volta das aulas presenciais em setembro, mas se a pandemia continuar como está isso será uma péssima determinação do Governo, pois tanto os alunos e alunas quanto os profissionais da educação ficarão vulneráveis ao risco de se contaminar. Não acredito que será uma boa ideia este retorno, tudo será muito confuso e angustiante”.

OPINIÃO DAS MÃES

Erika Michalak Cassiano é mãe de uma aluna do 7º ano e expressa sua opinião a respeito do retorno presencial. “De maneira alguma é momento de retornar, enquanto a pandemia estava nos estados do Norte, não tinha chegado ao Paraná, nós paramos com as aulas, agora, que estamos na zona de perigo, com a curva subindo cada dia mais no nosso estado, o retorno presencial é totalmente incoerente neste momento. Também tem a questão de que as escolas não terão condições de cumprir o distanciamento e todas as medidas necessárias, é uma utopia pensar que os alunos vão cumprir todas as normas”.

Elisabeth Boscardim é mãe de um aluno do 6º ano e também não concorda com o retorno. “A gente fica apreensivo, prefiro até que perca o ano letivo do que acabe se contaminando. Porque criança não é igual adulto, em casa eles seguem as regras, mas na escola junto com os amigos não vão se cuidar. Para voltar teria que ter a vacina e seus devidos cuidados”.

Ana Cláudia Onisko do Valle é mãe de duas crianças, uma de oito anos e um de três e disse que se as aulas retornarem ela não irá deixar os filhos voltarem. “Enquanto o vírus estiver circulando na região as aulas não devem voltar, nem parcialmente, nem totalmente. Eu não deixarei meus filhos irem para a escola, pois minha filha de oito anos tem asma, pertence ao grupo de risco, então, enquanto não tiver 100% de segurança eles não sairão de casa. E meu filho de três anos não sabe se cuidar, sabemos que em uma sala de aula não tem como o professor dar conta disso tudo”.

ENQUETE

Nossa reportagem fez uma enquete, no Facebook e Instagram, perguntando à população “Você é a favor do retorno das aulas presenciais ainda este ano?”, e teve um resultado de 92% contra e 8% a favor. Entre vários comentários falando a respeito do retorno, a maioria defendeu a preservação da vida e da saúde. Tere Julio Polinarski foi uma das pessoas que se manifestou. “Em casa as crianças estão mais seguras. Os conteúdos têm tempo para recuperar. A vida é uma só. As crianças que continuem estudando em casa até essa tempestade passar”.

PESQUISA ONLINE

Para ouvir além das autoridades, o governador, Ratinho Junior, lançou uma pesquisa para saber a opinião dos pais e professores para saber a opinião deles sobre o retorno das aulas. A pesquisa acontece de maneira online, iniciou na quarta-feira (05) e vai até dia 11 deste mês, o resultado será divulgado dia 14. Serão ouvidos os pais de 1,07 milhão de alunos da rede estadual de ensino. Será encaminhada aos pais e profissionais da rede por e-mail. Os pais também receberão o link por mensagem SMS. O objetivo é saber o posicionamento de todos os envolvidos nesta situação.

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