“Covid-19 mata, sentimos isso da forma mais cruel que se possa imaginar”

“Marido, pai, companheiro, nosso “fofucho” como era chamado carinhosamente, era o nosso alicerce, a nossa base, a fonte onde recarregávamos a nossa energia, era o nosso tudo. E a avó e bisa Maria, o nosso anjo, aquela mulher guerreira que trazia, através de seus 86 anos vividos, conselhos e história de vida que serviam de inspiração”, é o que conta a mulher de Celso Cultom, e neta de Maria P. Padilha de Andrade, Adriana de Andrade Coraiola Cultom. Os dois foram vítimas da Covid-19 em Irati.

Celso tinha 51 anos, era casado há 24 anos com Adriana, tinha três filhos, Douglas e as gêmeas Gabriela e Isabela, e um neto, Matheus. Era servidor público municipal com 25 anos de serviços, nos últimos 13 anos foi motorista de ônibus escolar e fazia a Linha Pinho.

O homem que era brincalhão e alegre, e tinha uma risada incomparável, como descrevem os amigos, faleceu no dia 22 de julho, em decorrência da Covid-19. Há dois meses, descobriu um câncer, e iniciou o tratamento em Curitiba no Hospital Erasto Gaertner, nas idas e vindas acabou infectado pela doença.

Adriana conta que o marido adorava a cozinha e sempre estava disposto a ajudar, fazia uma maravilhosa kafta e era o churrasqueiro da família e dos amigos. “Apesar de ter uma cara de durão, era um sujeito extrovertido, humilde que tinha um coração de ouro, gigante de generosidade e alegria”.

Celso era muito querido também no trabalho e fez muitas amizades, como a cozinheira, Teresa Matys, e a professora, Agda Jonson Borges, que trabalharam com ele por 14 anos. “Tio Celso como era conhecido por todos. Gostaríamos de deixar aqui nossa gratidão pelo tempo em que esteve conosco nos levando até a Escola Linha Pinho todos os dias. Temos a certeza de que todos os alunos que conviveram com ele hoje choram a sua partida, mas guardamos em nossos corações sua amizade e seu cuidado na direção do ônibus escolar, sempre fazendo o melhor em sua profissão. Temos a certeza de que está com Deus no descanso eterno. Agora, pedimos a Deus que conforte e cuide de toda a família”.

Outro amigo de Celso era o motorista, Nilton José Bueno, que trabalhou com ele por 11 anos, escolheu o amigo para ser padrinho da terceira filha que teve. “Falar do compadre Celso é só falar de qualidade, a sinceridade era presente nele, amigo, companheiro, dono de uma risada inconfundível, um profissional que era exemplo para todos. Convivendo com ele veio minha terceira filha, e não pensei duas vezes em convidá-lo para ser o padrinho dela. Que bom que conheci essa pessoa”.

Diante da perda, a esposa comenta que está difícil a situação. “Estamos sem chão, parece que tudo isso é um sonho, um pesadelo e que vamos acordar e nada disso aconteceu. Contudo, há de aceitar a realidade, o Celso e a avó Maria já não estão mais aqui”, disse. Adriana conta que o neto de dois anos sempre chama pelo avô. “Ele não tem idade suficiente para entender o que aconteceu e chama constantemente pelo Dido, como chamava o Celso antes, chegando a fazer áudios pedindo ao Dido que volte logo, pois está com muitas saudades”, comenta.

O corpo de Celso precisou ser cremado em Curitiba, devido ao decreto 536/2020. Na terça-feira (28), a família e os amigos fizeram um cortejo fúnebre, para homenagear o amigo tão querido. A carreata passou pelas ruas de Irati, indo até o cemitério da Vila São João, onde aconteceu um momento de oração.

Diante de toda a situação que estão enfrentando, Adriana faz um alerta à população. “Por favor, não o subestimem, cuidem-se. Não arrisquem as suas vidas e nem a daqueles que vocês amam. Covid-19 mata, sentimos isso da forma mais cruel que se possa imaginar. Tenho certeza que o Celso e a avó Maria lutaram com todas as suas forças, mas, infelizmente, perderam a batalha”.

O marido de Adriana vai deixar saudades para a família, amigos e todos que conviviam com ele. “Era guerreiro por natureza, sempre o otimista da casa e tinha um sorriso fácil e contagiante. Soube como ninguém espalhar alegria com seu jeito extrovertido e brincalhão de encarar a vida e os problemas. Deixa muitas saudades, mas, em especial, deixa um exemplo de vida que vai servir de inspiração”.

AVÓ MARIA

Maria P. Padilha de Andrade, nasceu no dia 28 de agosto de 1933, os seus 86 anos de vida foram uma inspiração para a família, era viúva e criou os seis filhos sozinha, dos quais três ainda estão vivos. Tinha 17 netos, 25 bisnetos e sete tataranetos. Ela faleceu na Santa casa de Irati, no dia 25 de julho, em decorrência da Covid-19. Ela era avó de Adriana, mulher de Celso.

A neta Adriana conta que Maria era uma mulher batalhadora e um exemplo a ser seguido. “Lutou muito para dar o melhor para seus filhos e netos. Mesmo com a idade avançada se virava sozinha e não dependia de ninguém. Sempre procurou agradar a todos e por onde andava deixava além de sua alegria um pouco do seu conhecimento acumulado pela experiência dos anos”.

Maria sempre tinha uma história pra contar e era muito admirada, pois suas qualidades saltavam aos olhos. Segundo a família, fazia um bolinho de chuva, ou bolinho da graxa como ela dizia, de juntar água na boca. “Tinha sempre um docinho para dar aos netos e cristã fervorosa não perdia os cultos da sua Igreja. A avó Maria gostava muito de passear. Seu sorriso e sua sabedoria vão fazer falta, mas nos resta a certeza de que ela está bem. Ela veio de Deus e para Deus voltou”, disse Adriana.

AGRADECIMENTOS

A família de Celso e Maria agradece todo o apoio que teve neste momento difícil, tanto as mensagens de carinho como as orações feitas. “Obrigada de coração a todos, sejam familiares, amigos ou pessoas que não nos conheciam, mas foram solidários com a nossa dor. Que o Senhor Deus, que sempre sabe o que é bom para cada um, os recompense. Enquanto pedimos a Deus força não há como não agradecer a cada um de vocês que rezaram pelo Celso, pela avó Maria e pela nossa família. Muito obrigada pelas orações, pelas velas acesas, pelas rezas solitárias e pelo envio de boas energias. Obrigada de coração a todos sejam familiares, amigos ou pessoas que não nos conheciam, mas foram solidários com a nossa dor”.

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