Feira de Sementes Crioulas promove conservação e sustentabilidade em Teixeira Soares
Evento promove troca de conhecimentos e valorização da agricultura familiar
Sthefany Brandalise
Nos dias 30 e 31 de agosto, Teixeira Soares recebe a Feira Municipal de Sementes Crioulas e da Agrobiodiversidade, no Centro de Eventos Miguel Belinoski. Este evento destaca-se por promover a conservação da agrobiodiversidade, a troca de sementes crioulas e a divulgação da agroecologia.
A feira contará com uma programação diversificada, incluindo a troca de sementes e mudas, apresentações culturais, alimentação agroecológica, oficinas e stands dedicados à agroecologia. Além disso, haverá uma Feira Livre de Transgênicos. Os organizadores pedem aos participantes que tragam seus próprios pratos, talheres e copos para as refeições.
O principal objetivo da feira é conservar a agrobiodiversidade das sementes crioulas, destacando a importância de preservar e manter essas sementes, que são transmitidas de geração em geração. “A gente tem trabalhado muito na divulgação da agroecologia, onde a semente vira um alimento, e não precisa ser cultivada somente no interior, ele pode ser cultivado na cidade, em pote, vaso. A agrobiodiversidade é muito mais do que semente crioula, ela é a diversidade agrícola, as sementes e os conhecimentos que estão com os agricultores. Esse é o principal objetivo da feira, recuperar o ciclo de subsistência e de produção de alimentos saudáveis na região”, diz Renato Kovalski Ribeiro, que é biólogo e faz parte da assessoria da comissão e organização da feira.
As sementes crioulas carregam consigo histórias e tradições. Em Teixeira Soares, há famílias que preservam sementes há mais de 180 anos, como explica Renato. “Sementes crioulas são sementes passadas de geração em geração, e nós temos um exemplo do milho teosinto, que foi cultivado pelos olmecas, na América Central. Se você procura na internet uma imagem do teosinto, você vai ver que não tem nada a ver quase com o milho, e aquilo é o milho original, uma semente de 10 mil anos. Então são sementes que são passadas de geração em geração. A semente crioula é muito mais que só uma semente, é o conhecimento por trás daquela seleção que as famílias fizeram, ficaram anos e anos fazendo seleção de acordo com o gosto delas. Cada família escolheu, fez sua seleção das suas sementes e hoje nós temos essa diversidade”.
A feira é organizada por um grupo guardião de sementes, que têm como missão resgatar e preservar essas variedades. “São 26 famílias que cultivam sementes que estão organizando a feira, e de 100 expositores estarão presentes”, diz Renato.
A troca de conhecimento será uma das marcas registradas da feira, como conta Renato. “Essa troca de conhecimento se dá de uma banca para outra. O agricultor vai lá comprar uma semente e conversa com outro agricultor, troca informação, aprende e vê coisas diferentes. A maioria dos agricultores têm um conhecimento enorme em semente, e a gente precisa valorizar isso”, diz.
Historicamente, todas as comunidades rurais tinham seus próprios guardiões de sementes. No entanto, com a chegada da revolução verde, houve uma diminuição na produção de sementes crioulas, à medida que os híbridos e transgênicos se tornaram mais comuns. “O principal objetivo das famílias guardiãs é conseguir recuperar semente, fazer trocas, e o único local que a gente consegue fazer essas trocas hoje é nas feiras”, finaliza Renato.