Projeto de Literatura Carcerária pede ajuda na arrecadação de livros em Irati

O projeto de Literatura Carcerária acontece desde 2008, é uma parceria da Unicentro com o Conselho da Comunidade de Irati e a 41ª Delegacia Regional Polícia Civil. Este ano, seria a 9ª edição, que devido a pandemia do novo coronavírus está acontecendo de forma diferente, pois nem as famílias dos detentos estão fazendo visitas, mas o projeto está aberto para 2021. E para não dizer que a ação parou, está acontecendo a arrecadação de livros, para fortalecer a Biblioteca Carcerária.

O foco é arrecadar livros literários como Poesias, Contos, Crônicas, Romances, para que com o retorno das atividades os detentos tenham mais opções de leitura. O coordenador do projeto Literatura Carcerária, Nelson Susko, conta que já teve resultado a arrecadação de livros. “Já recebemos alguns livros de pessoas da Unicentro e todos que desejarem podem doar no Conselho da Comunidade de Irati, ou pode ligar no telefone (42) 998640312 que alguém da equipe vai buscar a doação. Um jovem de Curitiba também fez a doação de alguns exemplares, pois viu a campanha no site da Unicentro e se interessou em ajudar a causa”.

Esta ideia surgiu dentro de um outro projeto existente, que vem como um complemento do Letramento Carcerário que visa a leitura e a escrita. “Notei a necessidade de ampliar um pouco mais a questão literária na produção, focando, também, em registrar os textos produzidos. Vendo o trabalho das estagiárias de Pedagogia e dos servidores do Conselho surgiu a ideia de lançar um concurso. No primeiro ano teve pouca adesão devido à dificuldade na produção textual, mas foi melhorando a cada ano”, disse Susko.

No projeto Literatura Carcerária são produzidos Poesias, Contos e Crônicas, acontece tanto para os homens como para as mulheres e vem a ser uma espécie de coroamento do Letramento Carcerário. “Montamos uma comissão de avaliação, para analisar as produções, alguns anos foram avaliadas pelo departamento de Letras da Unicentro, e um ano tivemos a honra de ter a Academia Brasileira de Letras avaliando esses trabalhos”, ressalta o coordenador.

No ano que as produções foram avaliadas pela Academia de Letras houve a participação da Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG). A PIG tem uma proposta mais avançada, pois trabalha com o EJA, mas aceitaram o concurso e participaram, contribuindo com produções literárias.

Os livros são disponibilizados por temas, é feito uma pesquisa antes com os detentos, para saber quais são os interesses, quais livros eles gostariam de ler, a partir disso, são sugeridos alguns títulos para leitura e posteriormente são feitas as produções.

As premiações são feitas conforme a realidade dos detentos, seguindo as regras internas da delegacia, são premiados com material de higiene, roupas, alimentos, e conforma relatou o coordenador a sociedade vem ajudando ao longo dos anos com estas doações.

Susko conta que o projeto tem o sonho de lançar um livro com as produções. “As produções dos privados de liberdade são recolhidas e guardadas, o projeto tem o sonho de publicar um livro com estas obras, inspirados em outras universidades que já fizeram isso, inclusive usam o dinheiro da venda dos exemplares para se manter. Mas enquanto o projeto não sai os textos são apresentados em eventos universitários, em feiras de extensão”.

Existem relatos de detentos que deixaram o sistema prisional e continuam escrevendo, e conseguiram até publicar livros, esses relatos são feitos em seminários que a equipe da Unicentro e do Conselho da Comunidade participam em outras universidades.

Esses projetos têm o objetivo de dar oportunidade às pessoas privadas de liberdade, para que elas tenham acesso a um material educativo e, por meio dos livros, é possível o trabalho com reflexões acerca da vida das pessoas em sociedade e relacionamentos diversos.

A assistente social do Conselho da Comunidade de Irati, Maria Helena Orreda, fala sobre a importância desta ação. “Com esta oportunidade eles podem ampliar seus conhecimentos, quem sabe nunca tiveram a chance de ter acesso a livros e assim podem ter uma mudança na forma de pensar, além de ser um incentivo para essas pessoas voltarem a estudar futuramente e ter novas interações sociais. O Conselho da Comunidade pode garantir que este projeto da Unicentro tem um resultado muito satisfatório para aqueles que realmente se interessam e participam. Os detentos que demonstram interesse são os que participam da leitura, nada é forçado, mas quando eles decidem participar já é um novo horizonte que abre para eles mesmos”, ressalta Orreda.

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