Santa Casa de Irati tem 100% da UTI Covid-19 ocupada

A Santa Casa de Irati passou a ser referência no Paraná para o atendimento da Covid-19. Desde sexta-feira (17), o hospital foi autorizado pela Secretaria de Estado da Saúde (SESA) a tratar pacientes com a doença. O hospital tem disponível, para tratar pacientes com a Covid-19, quatro leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e quatro leitos clínicos. Nesta sexta-feira (24), a instituição divulgou que três pacientes estão internados na enfermaria Covid-19, totalizando 75% de taxa de ocupação, outros cinco pacientes receberam alta. Na UTI Covid-19 quatro leitos estão sendo utilizados, sendo 100% de ocupação.

Anteriormente, o atendimento era feito de forma não referenciada, ou seja, o hospital atendia a população da região fazendo a avaliação e triagem, e encaminhava aos hospitais de referência, em Ponta Grossa ou Campo Largo. A partir de agora, os pacientes poderão ser tratados na própria Santa Casa, porém, se tiver leitos de Covid-19 disponíveis, estes leitos estarão disponíveis para tratar pacientes de todo o estado do Paraná.

O provedor da Santa Casa, Dr. Ladislao Obrzut Neto, explicou que é o estado quem gerencia estes leitos. “Os pacientes da região que chegarem à nossa porta, em estado grave, vamos internar aqui, mas se acontecer de não ter vagas, eles serão referenciados para outros lugares, assim como, se tiver leitos sobrando e o estado precisar, pode vir pacientes de qualquer cidade do Paraná”. O provedor falou também, que se o aumento de casos e internamentos continuar, o sistema estará cheio e será necessário aguardar até surgir vagas, em algum lugar do estado.

MUDANÇAS

Para se tornar um hospital de referência a Santa Casa fez a separação do espaço destinado ao tratamento de coronavírus. “Desde março, no início da pandemia, a Santa Casa já era referência, estava separado as enfermarias e leitos para atender a Covid-19, o que mudou agora é que houve a oficialização dentro do sistema de regularização estadual”, afirma Ladislao.

Ele explicou também as alterações que foram feitas no prédio para manter a ala da Covid-19 afastada dos demais setores. “Foi desativado o setor da Endoscopia, onde passou a ser a UTI para a Covid-19, pois é um lugar mais prático para colocar monitor e câmera, caso tenha necessidade de fazer a hemodiálise nos pacientes, e a enfermaria de Pediatria passou a ser a enfermaria clínica”, disse.

O provedor ressaltou que o setor de Pediatria não foi excluído, apenas foi transferido de lugar de funcionamento dentro do prédio. Já a Endoscopia não está sendo feita neste momento, por ter um risco muito grande de contaminação.

MAIORES DIFICULDADES

Existe uma dificuldade na contratação de profissionais da saúde, conforme informou Ladislao, e não há médicos na região. “A mesma equipe que atende a UTI geral atende a UTI Covid-19, o hospital tem apenas um médico intensivista, mesmo que aumente o número de leitos não consegue aumentar a equipe. Não adianta ter todos os equipamentos para atender e não ter os profissionais, por exemplo, se o médico intensivista adoecer teremos que fechar tudo. Por isso, tudo está sendo feito com muita proteção e prevenção, até agora tivemos um funcionário com confirmação de coronavírus, os demais suspeitos foram afastados do trabalho até sair o resultado do exame”, informa o provedor.

No período de pandemia, enquanto o hospital estiver tratando paciente com coronavírus, haverá um valor destinado pelo estado para estes leitos exclusivos. “O leito de UTI de Covid-19 vai ser R$ 1600 e o leito clínico R$ 300; acredito que se tiver que usar muita medicação para o tratamento este dinheiro acaba muito rápido. Um anestésico, por exemplo, que inclusive está em falta em todo o Brasil, custava R$ 6,00 a R$ 7,00 uma ampola, hoje, custa R$ 50,00; uma luva descartável transparente que pagávamos R$ 0,90 está quase R$ 2,00. Quer dizer que as coisas estão difíceis de administrar, esperávamos que as pessoas tivessem o bom senso de manter o valor das mercadorias, mas não tiveram”, relata o médico.

FALTA DE MEDICAMENTOS NO PARANÁ

O estado do Paraná está preocupado com a falta de medicamentos para o tratamento da Covid-19. Na quinta-feira (23), o Ministério da Saúde assegurou que vai renovar a habilitação de leitos de UTI e enviar medicamentos anestésicos para intubação dos pacientes em tratamento da Covid-19 para todos os estados.

A Santa Casa ainda tem remédios suficientes, mas se houver o agravamento da crise, e precisar de mais anestésicos, serão suspensas todas as cirurgias eletivas, fazendo só as cirurgias emergenciais, segundo declarou o provedor.

CUIDADOS

Os pacientes internados na Santa Casa não têm mais visitas e os acompanhantes ficam mais tempo, fazendo a troca apenas uma vez ao dia. “A ala dos pacientes que não têm Covid-19 é totalmente afastada dos que têm. Então não se pode sair dizendo que agora a Santa Casa está cheia de Covid-19, porque não está. Estamos protegendo as pessoas que estão sem o vírus e fazendo com que os outros pacientes sejam atendidos”.

No início da pandemia, a Santa Casa instalou a tenda de triagem, para que todos que entrarem no hospital sejam avaliados se apresentam febre ou algum sinal de doença. O provedor da Santa Casa fez um apelo à população. “O número de infectados cresce cada dia mais, já temos dois óbitos em Irati, e temos que nos cuidar, não sair à toa pela cidade, pois quanto mais tempo exposto maior a chance de contrair o vírus, por isso continuem usando máscara, álcool gel, fazendo a higiene das mãos com água e sabão, mantendo o distanciamento e isolamento social. Não estamos fora da pandemia, apesar de o último decreto municipal flexibilizar muitas coisas, o cuidado deve ser mantido, porque não é uma gripezinha, ela mata”.

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