São João do Triunfo, Rio Azul, Prudentópolis e Irati estão entre os maiores produtores de tabaco do Brasil
A nível Paraná, seis municípios da região são destaques
Leandro Bianco
A produção de tabaco, principalmente por pequenos produtores, é uma característica muito forte da região Sul do Brasil. O SindiTabaco (Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco) destaca que o Brasil é o segundo maior produtor mundial de tabaco, e líder em exportações desde 1993. Dentre os 15 municípios que mais produzem o tabaco no Brasil, seis são do Paraná.
A relevância socioeconômica do tabaco para a região Sul do Brasil é inegável. Em 509 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, na safra de 2023/24, o tabaco foi plantado em 284 mil hectares por 133 mil produtores integrados. Aproximadamente 620 mil pessoas estão envolvidas nesse ciclo produtivo no campo, gerando uma receita bruta anual de R$ 11,8 bilhões, segundo dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). A produção totalizou 508 mil toneladas, das quais 43% foram cultivadas no Rio Grande do Sul, 30% em Santa Catarina e 27% no Paraná, além de criar 40 mil empregos diretamente nas indústrias de beneficiamento instaladas no país.
Segundo o presidente da Afubra, Marcilio Laurindo Drescher, “a safra 2023/24 foi de muitas adversidades. Houve excesso de chuvas nos três Estados do Sul, que causaram enxurradas e inundações e levaram à quebra de produção de tabaco na ordem de 22,7%. Isso ocasionou a falta de tabaco para suprir a demanda do mercado. Houve disputa entre empresas para a compra do produto, o que favoreceu os produtores com melhores preços”, explica.
O presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Rio Azul (CMDR), Celso Chicora, que é produtor de fumo há 30 anos, na localidade de Faxinal dos Elias, destaca as vantagens do tabaco em relação a outras culturas. “O cultivo do tabaco oferece uma venda garantida e permite que pequenos produtores alcancem uma boa renda, mesmo com pouca terra. Graças ao tabaco, muitos agricultores conseguem sustentar suas pequenas propriedades e continuar vivendo nelas. Sem essa opção, muitos teriam que vender seus terrenos e migrar para a cidade, pois outras culturas não oferecem as mesmas opções econômicas”, disse.
Diversos municípios do Sudeste Paranaense, que tem como base das suas economias agrícolas o tabaco, se destacam nacionalmente na produção da cultura. De acordo com levantamento realizado pelo Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), ordenados por toneladas produzidas, os maiores produtores de tabaco do Estado na última safra foram: 1º São João do Triunfo (24.125 t); 2º Rio Azul (15.225 t); 3º Ipiranga (12.480 t); 4º Prudentópolis (11.404 t); 5º Palmeira (11.375 t); 6º Irati (9.720 t); 7º Imbituva (7.995 t); 8º São Mateus do Sul (6.733 t); 9º Guamiranga (6.381 t).
O prefeito de Irati e presidente da Amcespar, Jorge Derbli, falou sobre a importância da plantação de tabaco para a região. Segundo ele, “todos os municípios da Amcespar têm a fumicultura como uma importante atividade. Embora a gente sempre fale em diversificar. Por causa da questão da química, que vai na produção do fumo. Mas é uma atividade como qualquer outra que, se cuidar, se tiver os cuidados necessários, você consegue produzir e também não causa problema para a saúde humana. É algo importante porque isso aí dá uma renda em pequenas propriedades, pessoas que não têm grande quantidade de terra para plantar, em pequenos quadros de um ou dois alqueires, eles conseguem através da família produzir o fumo e ter uma rentabilidade que outras lavouras não teriam nessa dimensão de terreno”, ressalta.
São João do Triunfo é o maior produtor de fumo do Paraná e o segundo maior produtor do Brasil, sobre isso o prefeito do município, Abimael do Valle, disse que “a produção de tabaco aqui no nosso município é muito importante porque segura o homem no campo. O cultivo do tabaco em São João do Triunfo tem um incremento no PIB, na economia do município, é muito importante. É claro que isso é destaque em toda a região pelo volume de produção que nós temos aqui, são 2.350 famílias que trabalham no campo, sobrevivem dignamente do cultivo de tabaco. E eu tenho certeza que a produção aqui cada vez mais está aumentando, além da qualidade que também aumenta”, destaca.
Ainda segundo o Deral, a safra 2023/24 de tabaco no Paraná totalizou 144,4 mil toneladas produzidas, o que representou uma redução de 16% em relação ao ciclo anterior, apesar da expansão da área cultivada em 4%, que passou de 72 mil para 74,6 mil hectares. Essa diminuição foi atribuída principalmente à falta de luminosidade entre os meses de outubro e novembro, que dificultou o desenvolvimento vegetativo das plantas, bem como ao encharcamento das áreas, resultando em perdas totais de lavouras e dificuldades no enraizamento das plantas, limitando seu potencial de crescimento.
Próxima safra
Ainda não existem estimativas oficiais para a safra de tabaco 2024/25, que está iniciando agora. Segundo a Afubra os primeiros relatórios sobre o tema serão divulgados no mês de novembro.