Albino Pabis, polaco, agricultor, vereador e homem de fé

Nilton Pabis, Neli Pabis

Da Polônia veio Pedro Pabis e Cecília e os filhos Adão, Stanisláo, Catharina, Anna, José e João. O Filho Luiz nasceu em solo brasileiro. Stanisláo casou-se com Maria Iantas, e nasceu Ludovico, que se casou com Victoria Mierswa (filha de João Mierswa e Antônia Agostin) e tiveram 11 filhos. O primeiro destes é Albino Pabis, do qual vamos falar nesta edição. Albino (Bino) foi agricultor, empresário, vereador e homem de fé.
Filho de Ludovico (+ 1972) e Victoria Mierswa Pabis (+ 1994), nasceu em Fernandes Pinheiro em cinco de outubro de 1935. Foi o primeiro a nascer em um de parto de gêmeos, depois veio Augusto.Tinha apenas uma irmã a Eva (a única viva), ou “Ivunha” do Polonês. Mas era uma família numerosa de irmãos, 11 ao total. Jacob, Alfredo, Jorge, Antônio. E teve quatro irmãos que morreram ainda criança, João (3 anos – provavelmente tifo), Valdomiro (3 meses) e Maria José e Manoel (recém-nascidos). Neto de João e Antônia Mierswa, mas, destes, vamos falar em outra oportunidade.
Moravam em Fernandes Pinheiro, na época, um promissor distrito de Teixeira Soares, num terreno de araucárias e floresta nativa onde cultivavam e processavam erva-mate e trabalhavam no “barbaqua” (feito artesanalmente por Ludovico), cancheando erva-mate.
Mudou-se com seus pais e os irmãos já nascidos para Irati, por volta de 1945, para a região denominada Pereiras. Hoje, conhecido por Loteamento Pabis, onde tinham vacas de leite e terras de cultivo, lugar cortado pelo córrego Arroio dos Pereiras. Mas ainda trabalhavam em Fernandes Pinheiro onde passavam a semana, na lida com a erva.

Tereza com Nilton no colo, no fundo, Albino e a frente Neli – Foto: Arquivo familiar

Ainda menino, ajudava sua mãe na venda de leite, ovos, verduras, manteiga e requeijão. Um dia estavam indo passear na Pedreira na casa da Tia Rosalina, e, ao passar pelo prostíbulo, comentou com sua mãe que ali as mulheres eram suas maiores freguesas, ficou então proibido, sem saber o porque, de vender naquela casa.
Trabalhava na lavoura na Colônia São Lourenço, próximo a Capela, ele e seus irmãos vinham a pé e, às vezes, de carroça estudar no Colégio Irati.Mais tarde, comprou um caminhão GMC e começou transportando erva-mate de Irati para Paranaguá, pela Estrada da Serra da Graciosa. Passou também a transportar batata e tijolos. Foi assim que conheceu sua então futura esposa, Tereza Grechinski, que trabalhava na olaria de seu pai, em Fernandes Pinheiro. Em 27 de julho de 1963, casou-se na Igreja Matriz Nossa Senhora da Luz, em uma celebração presidida pelo Capuchinho Frei Nereu. A festa foi na Serra dos Nogueiras, com churrasco feito na vala às 15 horas da tarde. Formou, assim, uma família em que nasceram Neli Regina Pabis e Nilton César Pabis. Neli teve duas filhas: Rafaela e Juliana, que se casou com Angelo, e das quais descendem Laura Valentina e Luiza. Nilton César casou-se com Luciane que trouxe os netos Letícia Helena, José Octavio e Thomaz Rafael.
Em 1964, iniciou uma sociedade com os irmãos, Augusto, Jacob e Alfredo, com o projeto de uma construção de uma farinheira que acabou mudando para um depósito de cereais. Constituindo, assim, a Empresa Irmãos Pabis & Cia Ltda.

Desde criança, Albino apresentava características de liderança e, com o passar dos anos, foi potencializando suas virtudes naturais começando dentro de casa. Aos poucos, foi se expandindo por todas as áreas de sua vida. Tornando-se, assim, um representante do povo na sociedade.
Na agricultura foi um grande produtor e inovador na produção de cereais, sendo o precursor na produção de cebola pitoqueada, substituindo o sistema de tranças, que tinha mercado consumidor no Rio de Janeiro. Fazia plantio de trigo e arroz, trazendo de fora as colheitadeiras alugadas substituindo as colheitas manuais. Aos poucos, foram adquirindo seus próprios maquinários, como o trator de esteira, alugado aos produtores da região. No ramo da batata foi um dos primeiros a utilizar arrancadeiras de batatas a disco, e a fazer irrigação mecânica. Ampliaram mais tarde ao cultivo de feijão e soja. Vendiam e transportavam os cereais para várias regiões do país, incentivando o comércio na região, como São Paulo e Rio. Influenciou empresários de fora a comprarem produtos em Irati. Como fruto dos lucros da produção de batatas, acabou por investir no ramo de transporte, em que chegou a ter duas carretas antes de falecer.
Acreditando que o cooperativismo poderia transformar a sociedade, junto de Guilherme Gurski, David Pechebiski, Pedro Zavelinski e outros mais, foi membro fundador número 77 da Cooperativa Agrícola Irati LTDA (CAIL), e foi secretário entre 20 de março de 1977 a 20 de março de 1980, na gestão de Ivo Zanon, colaborando na execução de obras importantes para a expansão da Cooperativa. Na época, a construção da unidade armazenadora na BR 277, atualmente Cooperativa Bom Jesus, e o entreposto de Imbituva. Devido a sua atuação na agricultura, foi eleito pela Aciai como “Agricultor do Ano”, em 1986.

Foto: Arquivo familiar

Na vida política fez parte do PP (Partido Popular), e depois do PMDB (atual MDB), partido pelo qual foi eleito vereador com 582 votos, em 1982, ocupando a quarta colocação no legislativo municipal e o cargo de segundo secretário. Lutou sempre pelos agricultores e “bóias-frias”. Era da base de apoio do prefeito Toti Colaço Vaz. Trabalhou por muitas conquistas, principalmente para a Vila São João, dentre elas, iluminação pública, implantação do ensino de 5ª a 8ª série para a escola João XXIII, construção do Centro Social, Ciclo Vias, Posto de Saúde e saneamento básico. Também, defendeu o pequeno produtor, mostrando as dificuldades que enfrentavam tanto na comercialização quanto na infraestrutura. Contribuiu para a aquisição do terreno para a Implantação do CT Willy Laars. Do governador José Richa, em visita a Irati, recebeu o reconhecimento “Mérito Rodoviário” pela atuação na doação de terrenos para que o traçado da atual BR-153 (contorno leste) fosse construído, contribuindo para o Plano Rodoviário Estadual.
Ativo na comunidade, foi membro da Congregação Mariana Imaculada Conceição de Maria, e membro da diretoria. Foi presidente do Conselho da Igreja Matriz Nossa Senhora da Luz, de 1973 à 1981. Dentre muitos feitos, conduzia junto à equipe as grandes festas de São Cristóvão e as de Nossa Senhora da Luz. Iniciou com a comissão os estudos do projeto do centro comunitário São Leopoldo Mandic (salão Paroquial), deixando para o sucessor João Malanski, todos os projetos e materiais para a execução da obra. Foi eleito presidente da capela São Francisco de Assis, com mandato entre 1986 a 1990. Instituiu várias campanhas para arrecadar fundos (pinheiro e soja) e adquiriram terrenos para ampliar a estrutura da capela e construíram o salão de festas denominado Santa Clara. Foi também incentivador do grupo de jovens JUNIFRA, do teatro da “Paixão de Cristo”, em que participava como figurante e incentivava outros membros a participar. Também foi membro do movimento de cursilhos e do Movimento Familiar Cristão (MFC).
Nos últimos dois anos de vida, um câncer lhe enfraqueceu o corpo, mas não a alma. Nunca reclamou da doença. Faleceu em 27 de outubro de 1990, aos 55 anos, na sua residência em Irati.


Sua trajetória foi marcada por denominação de rua no Bairro Jardim Califórnia, no loteamento Pabis, sob o CEP 84506-863. Uma homenagem do vereador e amigo Osmar Laroca.
Era apaixonado pela comunidade. Apesar de pouco estudo, seu conhecimento e arrojo iam a frente de seu tempo. Entusiasta das causas da agricultura e apoiador da juventude, respeitado e respeitador na política. Era justo nas tratativas. Tinha uma identidade muito forte, rígido, teimoso, mas de risada farta. Homem simples, justo e leal a seus princípios, o que lhe trazia grandes amigos. Com sua personalidade única, marcou e fez história, deixando um exemplo de caráter.

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