JÚLIO WASILEWSKI: UM EMPREENDEDOR

Júlio Wasilewski, filho de João Wasilewski e Mgdalena Burko Wasilewski, nasceu em Irati, em 16/09/1925. Cursou os três primeiros anos primários, 1933 a 1935, na Escola Towarzystwo Wolnosc – Escola Sociedade Liberdade, fundada pelos imigrantes poloneses, atualmente, o Clube Polonês, no turno em que o ensino era ministrado na maior parte do tempo em língua polonesa. O quarto ano cursou em escola pública.
Irati era um paraíso naqueles primeiros anos. Um garoto tinha onde gastar o excesso de vitalidade, eram mergulhos nas voltas do Rio das Antas e o passarinhar a pelotaços nos capões, num petiço pitoco tordilho negro marchador, presente do vovô Jacob. Comandava cargas de cavalaria nas campinas, e assim reeditava as aventuras dos heróis dos seriados passados no Cine Theatro Central. Menino travesso, vivia com liberdade. O futebol tinha muita importância. De repente, percebeu que estes bons momentos tinham passado, precisou deixar este lindo céu para trás. Foi para Curitiba cursar o ginásio e retornou a Irati após concluir o curso de contabilidade. 

Participação em evento sobre cooperativas em Paris na França

Casou- se em 29 de julho de 1947 com Walkiria, moça da sociedade de Curitiba, que vinha visitar a sua tia Cecília Hessel, farmacêutica conhecida em Irati. Sempre dizia que foi a melhor coisa que lhe aconteceu. Casamento que se desdobrou em duas filhas, Eneida e Isis, quatro netos e quatro bisnetos. Nos aniversários de casamento presenteava a esposa com um buquet de rosas vermelhas contendo o número de rosas correspondentes aos anos de casamento.
Trabalhou com seu pai João, no cinema Cine Theatro Central, cuidando da bombonier na entrada, onde eram vendidos doces e guloseimas e auxiliando na sala de exibição. Cinema aos sábados, as matines de domingo e a primeira sessão, onde as famílias se encontravam. Era um acontecimento social, não tinha como não ir à primeira sessão dos domingos, era um desfile de modas, um lugar de paquera dos jovens. Toda Semana Santa era exibido o filme “A Paixão de Cristo“, filme em preto e branco sobre a vida e morte de Jesus. Como só tinha uma cópia, projetavam a primeira parte em Irati e, em seguida, Júlio e sua esposa levavam o filme para projeção em Rio Azul e retornavam a Irati para projetar a segunda parte. Diversas vezes, e por muitos anos, encalhavam na estrada, atrasavam e o público aguardava. 
Paralelo a isto, trabalhou na torrefação de café em grãos que aí chegava de trem e, após torrado e moído, era vendido na Panificadora Irati.
Em 1951, com seu irmão José Jacob, fundou a empresa J.J. Wasilewski Comercial e Construtora Ltda., empresa que atuou no Rio de Janeiro e São Paulo na construção de pontes. Em Irati, construíram o prédio que hoje abriga o Núcleo Regional de Educação, a Delegacia de Policia Civil, o Colégio Estadual Duque de Caxias, o prédio da Panificadora Irati, entre outros. Em 1971, abriu a empresa J. Wasilewski Ferragens Ltda., venda de materiais de construção.
Ainda em 1971, fundou a Cooperativa de Produtores de Leite Lactisul, um grupo de 32 produtores rurais que deram inicio à criação de gado leiteiro com o objetivo de introduzir uma atividade que trouxesse renda mensal aos produtores que tinham dificuldades com o mercado da época. No dia 15 de dezembro de 1971, tendo Júlio como presidente, diretoria e autoridades de Irati recepcionaram o senador holandês Pieter Christoffel Elfferich que veio conferir as instalações e oferecer auxílio ao projeto. Assim, a Lactisul foi equipada para empacotar o leite dos 32 produtores, entre eles, Júlio que entregava uma quantia de 1000 litros diários.

Casamento de Wasilewski com Walkiria, 29 de julho de 1947

Júlio foi um dos fundadores do Jornal Folha de Irati, do Samuara Clube de Campo, foi presidente da ACIAI, gestão 1959 a 1961; em 1982, assumiu o cargo de diretor secretário da Confepar, Confederação das Cooperativas Centrais Agropecuárias do Paraná, quando representou a instituição em evento sobre cooperativas em Paris-França. De 1982 a 1987 foi presidente do Conselho Deliberativo do Hospital Regional de Irati.
Foi participante ativo da Maçonaria, a qual integrou por 62 anos, tendo sido o segundo membro ativo mais antigo do Grande Oriente do Brasil-Paraná e membro do Rotary Club por 60 anos, se tornando o rotariano mais antigo do Paraná.
Viveu e trabalhou com intensidade, dedicação e amor ao próximo, coragem nunca lhe faltou para enfrentar os desafios. Viajou muito, conheceu vários lugares, mas sempre dizia que Irati é a melhor terra do mundo. Um dedicado pai e amoroso avô. Palavras de Júlio:

 

Na minha religiosidade particular, feita de eterna busca, crescente perplexidade e humilde resignação, eu rendo graças a Deus.”

Faleceu em Irati, em 23 de julho de 2016, e está sepultado no cemitério municipal da cidade.

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