Retardar decisões pode custar caro

Por Juraci Barbosa

Fruto da atividade profissional, tenho mantido contato com profissionais do ecoturismo. Conversando com o Prof. Laércio D. Olivaes Munhoz, Logística e Comércio Exterior, discutimos a prestação de serviços aduaneiros.

Relatava ele que em 1975, Steven Sasson, um engenheiro da Kodak de 24 anos, criou a máquina fotográfica digital. A reação dos superiores foi muito semelhante à: “muito legal, mas não fale sobre isso com mais ninguém”. Tempo depois, em entrevista ao The New York Times, Sasson disse ter escutado dos chefes que fotos impressas eram o padrão havia 100 anos e que não havia queixas ou motivos para as pessoas preferirem suas imagens em uma tela. Na época, a Kodak dominava o mercado de fotografias e o modelo de negócio girava em torno da fabricação de câmeras, filmes, revelação e impressão de fotos.

Deixar o tempo passar custou caro. A Sony lançou seu primeiro modelo de câmera digital nos anos 80 e em 2012, a icônica Kodak, antes sinônimo de fotografia, entrou em processo falimentar.

Para Laércio o exemplo serve de alerta e inspiração para prestadores de serviços aduaneiros e às Comissárias de Despachos e Operadores Logísticos. Empreendedores já percebem o “momento Kodak” desde a implantação do SISCOMEX, nos anos 90. Quanto tempo ainda para adotarem um novo modelo de negócio? Não faltam alertas sobre esse risco.

Há que se reconhecer que uma transformação no negócio da prestação de serviços aduaneiros está em curso.

A mudança exige velocidade e fatores externos, como pandemia e guerra, cobram modernização, inovação e quebra de paradigmas. Alguns prestadores de serviços aduaneiros e comissários, têm colocado em prática planos ousados para ampliar a participação no comércio exterior. Projetos sofisticados de e-commerce, shopping virtual, atendimento “online” e elaboração de projetos logísticos/aduaneiros.

Mas são poucos. A maioria, ainda impactada pelo efeito da pandemia, procura se equilibrar entre medidas de recuperação de receitas e o investimento no futuro.

Há que se reconhecer que uma transformação no negócio da prestação de serviços aduaneiros está em curso. Agrega-se mais trabalhos afins, criam-se células de “outsourcing”, atrelando prospecções internacionais, auxílio aos clientes em feiras e exposições e por aí vai.

Mas atenção prestadores de serviços aduaneiros [e outros segmentos], o momento Kodak está à porta de vários setores.

Juraci Barbosa é advogado, especialista em administração publica

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