Diversificação de produtos pode impulsionar erva-mate do Paraná

Jaqueline Lopes

Na quinta-feira (16), aconteceu em Irati, na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), o 10º Fórum Institucional da Cadeia Produtiva da Erva-mate. Na oportunidade, foi discutido sobre a produção, melhorias, como agregar valor, novos produtos e reuniu produtores, pesquisadores e políticos, para trazer soluções para o desenvolvimento e ampliação da comercialização do mate no Paraná e na região.
O Fórum, realizado pela Unicentro, em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SEAB), contou com a presença do secretario da pasta, Norberto Ortigara, e teve como objetivo fazer essa discussão para encontrar soluções e saber onde melhorar para que a erva-mate seja mais comercializada e valorizada, pois o Paraná é líder na produção e possui uma das melhores em qualidade da planta.

“Temos um grande desafio que é de transformar um produto excepcional no Paraná, que é a planta, tem um apelo ecológico e mais da metade é feita em condições sombreadas, e trazer a possibilidade de desenvolver outros produtos seja para farmácia cosmético, material de limpeza, alimentos e bebidas”, destaca Ortigara.

De acordo com o secretário, muitos países procuram fazer erva-mate solúvel, que é o aproveitamento intenso das substâncias que a erva-mate tem. “Faz bem para a cadeia sentar e conversar e é por isso que estamos em Irati fazendo esse fórum, na medida de provocar um choque na cadeia, procurando despertar no mundo a possibilidade de ampliação comercial para que a gente tenha mais valorização desse produto”, completa.
Junior Benato, presidente da Amcespar e prefeito de Inácio Martins, comenta que a erva-mate precisa de mais investimento e estudo, trazer algo diferente para o consumidor, sem perder a sustentabilidade que a planta sombreada (a mais produzida no Paraná) traz. “Isso requer investimento de estudo, de viabilidade de transformação dessa produção. Precisamos aprofundar isso, nunca perdendo a sustentabilidade, e dando valor aquele que sempre preservou, porque a mais valorizada é a sombreada, mas é preciso ampliar isso”, disse.

Secretário Ortigara participou do Fórum e recebeu do prefeito Derbli os produtos “É de Irati” – Foto: Jaqueline Lopes

O prefeito de Irati, Jorge Derbli, destaca que a erva-mate pode ajudar os pequenos produtores. “O valor agregado hoje é muito bom, muitas indústrias trabalhando, e as pessoas podem ter uma renda extra, uma alternativa. Esse fórum busca fazer uma cadeia produtiva do início ao fim da produção, com novos produtos desenvolvidos que, com certeza, vão trazer muita riqueza para o Paraná e para nossa região. É importante essa ajuda do governo, essa infraestrutura. Para nós, vai gerar renda e uma alternativa, principalmente, para o pequeno produtor”, comenta Derbli.
O reitor da Unicentro, campus Irati, professor Fábio Hernandes, comenta que é importante trazer essa discussão entre comunidade acadêmica e os produtores. “Para a Unicentro, é uma satisfação sediar esse evento. Foi um dia de interação entre comunidade e pesquisadores, o que é bastante importante para agregar valor, para o desenvolvimento desta parceria da comunidade e universidade”.
O presidente do Conselho Gestor da Erva Mate do Vale do Iguaçu (Cogemate), Nei Antônio Kukla, observa que houve uma mudança na cultura da erva-mate com a realização desses eventos. “A agregação e soma de esforços, dos produtores, foram se conscientizando e, desta forma, a erva-mate partiu do extrativismo para gerar economia, renda e emprego. Acho que esse é o caminho. É uma satisfação participar e a gente se junta a todo esse corpo técnico para somar esforços em prol da cadeia produtiva”.
DIVERSIFICAÇÃO
O assessor e consultor em novos negócios no mercado do mate brasileiro, Eroldo Cerco Junior, esteve no evento e trouxe alguns produtos feitos com a erva-mate. Um pó produzido por uma empresa, com ele é possível fazer chocolate em barra e derretido (pode ser usado em coberturas de bolos), suco de laranja com adição do mate, geléia, mel, bolachas e um tererê 100% natural, colocado em uma torre de chopp, feito em um filtro de passagem, um chapéu chinês, passa a água gelada e faz um chá de infusão a frio.
Aroldo explica que isso foi possível após estudos e pesquisas realizadas para chegar a um produto, com uma série de profissionais que geraram patentes, estas, ainda estão pendentes, mas disponíveis para parceria. Ele ainda comenta que é preciso investir para criar novas ideias de produtos. “Cada lugar que produz mate tem um sabor diferenciado, sabendo explorar essas origens, as empresas de todo o Brasil podem entrar nesse mercado”, disse.

O assessor completa que a proposta é que o mate seja um ingrediente de alimentação saudável, e pode ser consumido de outras formas além da cuia, mas precisa de investimento em pesquisa e novas formas de processamento. Segundo ele, o mercado do mate, em termos internacionais, corresponde a 1% na infusão de chá, assim, tem 99% para crescer. Aroldo enfatiza que a estimativa é chegar, até 2030, em 100 milhões de dólares o mate brasileiro.

ERVA-MATE NO PARANÁ
No Paraná, 37 mil famílias vivem da erva-mate,de acordo com o Cogemate, além disso, o estado é o maior produtor do Brasil e mundial, pois é restrita apenas no Brasil Paraguai e Argentina. O produtor paranaense trabalha com a erva-mate sombreada, que respeita as questões ambientais, e produz uma folha de maior suavidade e qualidade no produto final. O Estado é responsável por 86% da erva-mate sombreada no país.

Secretário Ortigara participou do Fórum e recebeu do prefeito Derbli os produtos “É de Irati”
Pesquisadores, técnicos e políticos participaram do evento
Vários produtos feitos com erva-mate foram apresentados no fórum

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