Mallet preserva culturas e mantém tradições há 109 anos

A cidade de Mallet comemora 109 anos na próxima semana, 21 de setembro. Em sua história, a cultura dos povos que se instalaram no local sempre foi motivo de orgulho. Muitas pessoas zelam pelas tradições, sejam elas culinárias, linguísticas, danças, entre outras. O municipio conta com três grupos folclóricos que surgiram com o objetivo de manter a cultura viva, são eles: Spomen, Mazury e Kraków, além de conjuntos musicais que preservam as músicas polonesas.

O prefeito da cidade de Mallet, Moacir Alfredo Szinvelski, diz que “é importante manter as tradições e repassar para os jovens. No município muitas tradições polonesas são mantidas nas famílias como: Opoatke (Natal), Swienczonka (Benção de Alimentos), Benção de velas, Benção de sementes entre outras. Na Igreja Matriz São Pedro e na Igreja Nossa Senhora do Rosário no Distrito de Rio Claro, Santuário Mariano da Diocese, ainda se reza em Polonês: missas e via sacras na quaresma”.

Todos os grupos folclóricos tem eventos tradicionais, mas com a pandemia, no ano passado e nestes anos, as festividades foram suspensas ou modificadas para comemorações onlines. Fundado em 1993, na cidade de Mallet, por descendentes de imigrantes que vieram da Ucrânia para o Brasil nos séculos XIX e XX, o Grupo Folclórico Ucraniano Spomen (palavra que significa “Lembrança, Reminiscência”), trabalha pela preservação das tradições e da cultura ucraniana, através da dança, do canto, artesanato, da língua e das festas.

“Desde a chegada dos primeiros imigrantes ucranianos no município, final do século XIX, a comunidade ucraniana tem se esmerado ao máximo para preservar suas tradições, cultura e religião”, relata Lucia Parastchuk Oszust, tesoureira e integrante do grupo há 14 anos.

O Grupo Folclórico Polonês Mazury foi criado em agosto de 1993, completando 28 anos de existência. Desde o início da história da colonização polonesa, foi um local onde se desenvolveu a cultura, com o florescimento de escolas, onde criaram-se grupos de teatro, bibliotecas itinerantes, bibliotecas em associações, grupo de escoteiros, etc.

Guizélia Ivone de Almeida Wronski, membro da diretoria do grupo é mantido polo interesse e a dedicação de pessoas engajadas, “o Mazury foi criado com o objetivo de dar aos jovens, adolescente e crianças o contato com a dança, música e tradições de seus ancestrais, proporcionando uma atividade que daria a eles uma oportunidade de crescimento cultural”, conta.

Grupo Folclórico Polonês Kraków, iniciou suas atividades em 2007 e desde então tem como sede a “Casa do Povo”, no Distrito de Rio Claro do Sul. “Grupo preserva as tradições através de várias formas, com a dança, culinária, língua (com aulas de polonês), religiosidade, costumes e tradições familiares. Especialmente no Natal e Páscoa, realizando alguns pequenos rituais”, esclarece a coordenadora, Sandra Maria Panek Wander.

A cidade de Mallet tem também o Grupo Musical Renovação Polonesa, que trabalha preservando as músicas. Dalvio Valdir Kurzydlowsk é um dos integrantes e explica que optaram por músicas polonesas por serem descendes, “com o incentivo dos familiares e alguns amigos, por gostar de relembrar dos avós, por isso tentamos manter viva essa tradição até quando puder”, conta.

Grupo Kraków vestido com roupas tradicionais em apresentação antes da pandemia. Arquivo pessoal.

Grupos malletenses são beneficiados pelo Auxílio da Lei Aldir Blanc

Os três grupos folclóricos, Spomen, Mazury e Kraków, são alguns dos beneficiados pelo auxílio da Lei Aldir Blanc no municipio. “Parece que alguém na esfera federal lembrou daqueles que promovem a cultura no país, principalmente nós, os esquecidos do interior e que fazemos muito. Toda ajuda é importante e imediatamente investimos em nossos projetos de manutenção das atividades culturais, divulgando as tradições polonesas, destacando a cultura de Mallet e da região”, desabafa Guizélia Ivone de Almeida Wronski, membro da diretoria do Mazury.

A coordenadora do Kraków, Sandra Maria Panek Wander, alega que a lei possibilitou manter o grupo ativo dentro do período da pandemia, “além dos recursos recebidos, aos quais somos muito gratos, muitas atividades que tínhamos planejado organizar antes da pandemia acabaram acontecendo através dos vídeos gravados para a Secretaria Municipal de Cultura. Como oficinas de artesanato, o Wycinanki, aulas de culinária. Além, é claro, de vídeos explicativos sobre lendas, arquitetura, história dos espaços locais de Rio Claro do Sul, religiosidade, tradições natalinas e outros”, relembra.

“A importância da Lei Aldir Blanc para o Grupo Spomen é que além de beneficiar financeiramente, nos trouxe recordações dos nossos avós e bisavós. A preparação dos vídeos   fez com que nosso amor e admiração pela nossa cultura aumentasse. Buscamos sempre lembrar aqueles que por aqui passaram. Nesses 130 anos estamos buscando algo marcante para nossa comunidade e nosso grupo. Para nós, o apoio do município sempre presente nos dá mais forças e ânimo para manter sempre o foco”, declara Lucia Parastchuk Oszust, integrante do grupo há 14 anos.

Mas um grupo musical do municipio enfrenta outra realidade, Dalvio Valdir Kurzydlowsk conta que está cada vez mais difícil manter os costumes. “Pra manter não é muito fácil, porque hoje dia muitas pessoas preferem o modernismo, como celular e jogos. Misturam a nossas músicas e costumes com os de outros lugares. Os artistas daqui não são valorizados, não temos apoio das secretarias da cultura”, finaliza Dalvio.

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