Paraná Trifásico alcança 1,2 mil quilômetros de novas redes

O programa Paraná Trifásico, da Copel e do Governo do Estado, já implementou 1.245 quilômetros de novas redes de energia elétrica no Estado. Esse grande linhão, como está sendo apelidado no Interior, já representa 5% do total de 25 mil quilômetros que serão implementados até 2025. O investimento atingiu a marca de R$ 237 milhões entre janeiro e setembro, ultrapassando o montante planejado inicialmente para este ano, na casa de R$ 210 milhões. 

A nova rede trifásica está pulverizada por todo o Estado e as obras estão gerando cerca de mil empregos diretos e indiretos no Paraná. Foram concluídos 304 quilômetros no Centro-Sul (R$ 79,4 milhões); 265 km no Leste, que compreende Curitiba, Região Metropolitana, Campos Gerais e Litoral (R$ 59,5 milhões); 228,3 km no Noroeste (R$ 53,8 milhões); 212,4 km no Norte (R$ 23,6 milhões); e 235,3 km no Oeste/Sudoeste (R$ 20,4 milhões). 

Já foram contempladas com as mudanças, por exemplo, Adrianópolis, Almirante Tamandaré, Altônia, Astorga, São Luiz do Purunã, Matelândia, Capanema, Jaguariaíva, Pérola, Ortigueira, Castro, Ponta Grossa, Santo Antônio da Platina e Mandaguaçu. Os maiores trechos foram em Paulo Frontin, na região Centro-Sul, que recebeu 12,2 quilômetros, e Iporã, no Noroeste, com 8,6 km. 

Outros 3.119 quilômetros foram contratados e estão em execução. São 692,7 km no Centro-Sul; 701,9 km no Leste; 563,3 km no Noroeste; 479,6 km no Norte; e 681,9 km no Oeste/Sudoeste. 

A previsão original é de 2,5 mil quilômetros implementados em 2020, mas provavelmente essa marca será superada nos próximos quatro meses. Além disso, já há 5.019 quilômetros totalmente projetados para os próximos anos. Pela programação original serão implementados três mil quilômetros em 2021, 4,5 mil km em 2022 e cinco mil em cada ano entre 2023 e 2025. 

“Essas novas redes já estão transformando a produtividade do campo, principalmente as cadeias do leite, do frango, do peixe e dos suínos. Estamos levando energia de qualidade e estabilidade para as regiões que precisavam dessa modernização”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “A linha monofásica impedia ampliações ou novas instalações porque a rede não suportava as tecnologias empregadas no agronegócio. O Paraná Trifásico elimina essa dificuldade”. 

O Paraná Trifásico é uma evolução do Clic Rural, iniciativa que levou energia para mais de 120 mil propriedades rurais nos anos 1980 e se tornou o principal programa de eletrificação rural da época. Toda essa espinha dorsal de distribuição no campo está sendo trifaseada. 

“Precisávamos renovar a rede de distribuição, principalmente nas zonas rurais, onde estava defasada. Por isso focamos naquilo que a Copel faz de melhor, que é gerar, transmitir e distribuir energia elétrica. Era um compromisso com a população do Paraná. A rede monofásica teve seu mérito, a Copel foi uma das primeiras empresas do Brasil a levar energia para o campo, mas o objetivo agora é gerar mais confiabilidade e segurança energética”, destaca o presidente da Copel, Daniel Pimentel Slaviero. 

Segundo Maximiliano Orfali, diretor-geral da Copel Distribuição, o impacto social do programa vai ser sentido nos próximos meses, entre a primavera e o verão, no período mais chuvoso do Estado. “O programa foi acelerado a partir de maio, justamente numa época de seca, com menos problemas na rede. O maior impacto para as pessoas ainda vai acontecer porque estamos garantindo segurança no sistema”, ressalta. “Nesse período ainda tivemos que direcionar todos os nossos recursos para solucionar os estragos do ciclone bomba, o que consumiu 20 dias de avanços no Paraná Trifásico, mas já voltamos a pisar no acelerador”. 

O programa envolve R$ 2,1 bilhões e faz parte do maior pacote de investimentos da história da Copel Distribuição, junto à Rede Elétrica Inteligente, lançado semana passada com aporte de R$ 820 milhões para implementar medidores inteligentes em 4,5 milhões de unidades consumidoras (casas e empresas). São quase R$ 3 bilhões programados para modernizar e automatizar a rede, preparando-a para novos perfis de consumo relacionados às cidades inteligentes, maior autonomia dos usuários e geração sustentável. 

Paraná Trifásico 

O Paraná Trifásico retira os postes antigos do meio das plantações e coloca postes novos nas estradas rurais, o que facilita o acesso dos técnicos, e disponibiliza cabos mais resistentes contra as intempéries. Não são mais cabos nus de alumínio, mas cabos com capa protetora isolante contra toque de árvores, animais e demais objetos estranhos à rede. Os postes estão sendo enterrados cerca de 1,80 metro para dentro da terra, o que renova a resistência contra ventos fortes. Alguns deles têm para-raios. 

O programa precisou ser escalonado até 2025 porque não havia disponibilidade de insumos suficientes para instalação a curto prazo dos equipamentos e do cabeamento. A rede era monofásica nas zonas rurais porque era mais barata, permitia menos cabos (apenas dois) e postes com distâncias maiores entre si. Eram até 140 metros entre um poste do outro, agora a distância é de cerca de 90 metros. 

Com o trifaseamento também haverá interligação entre as redes. O efeito será a criação de redundância no fornecimento, ou seja, redes que hoje estão próximas, mas não conversam, passarão a ser interligadas. Se a energia falha em uma ponta, a outra a abastece e, em caso de desligamentos, os produtores rurais terão o restabelecimento da energia com mais agilidade. Os novos equipamentos inteligentes também identificam curtos-circuitos mais rapidamente. 

As linhas também têm conexões inteligentes com monitoramento constante da rede, chamados de religadores automáticos. Esses aparelhos têm capacidade para identificar problemas e “abrem temporariamente” para passagens de eventuais curtos para evitar desligamento da rede, e então religam a energia sem precisar de interferência humana. Os equipamentos podem ser acionados remotamente pelo novo Centro de Operação da Copel em Curitiba. 

Além de garantir energia de mais qualidade e com maior segurança, o investimento da estatal vai proporcionar o acesso do produtor rural à rede trifásica a um custo muito inferior ao que hoje é pago. Além disso, equipamentos com motores trifásicos normalmente são mais eficientes, baratos e têm uma taxa de falha menor. As redes elétricas trifásicas também favorecem quem pretende ser produtor de energia elétrica nas suas propriedades, pois a rede monofásica limita esta possibilidade. 

Agronegócio 

A expectativa do Governo do Estado é de que o programa também seja uma grande plataforma de transformação e incentivo à industrialização para regiões produtoras do agronegócio. 

Esse investimento em energia, insumo preponderante nos negócios do campo, se soma à modernização da infraestrutura nas malhas rodoviária e férrea, ao status sanitário de área livre de febre aftosa sem vacinação e ao Descomplica Rural, programa idealizado para facilitar o acesso às licenças necessárias para produção rural. 

O programa será fundamental, por exemplo, para ajudar o cooperativismo paranaense a alcançar as ousadas metas do PRC-200, plano estratégico elaborado pela Ocepar para atingir R$ 200 bilhões de faturamento nos próximos anos. O sistema responde por 60% da produção de grãos e 45% da indústria de carnes e lácteos no Paraná e vai encerrar o ano com mais de 100 mil funcionários diretos. 

O investimento também é fundamental para alguns setores, como a avicultura. O Paraná responde por 36% da produção nacional com mais de 20 mil granjas de frango de corte, e em 2019 atingiu recorde de abates de aves, com 1,87 bilhão de cabeças. 

O Estado é o principal exportador de carne de frango do Brasil, responsável por 40% do mercado. Os abatedouros avícolas reúnem mais de 69 mil postos de trabalho direto no Paraná. 

“Energia é um insumo cada vez mais importante no campo. A produção evolui na mecanização, digitalização e nos processos de produção de animais”, explica Norberto Ortigara, secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento. “O agronegócio paranaense cresceu muito nos últimos anos, mas os investimentos na área energética ainda não tinham acompanhado esse boom. A realidade agora é outra. Os produtores terão mais chances de ampliar seus negócios e movimentar cada vez mais a economia do Estado”. 

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