Lava Jato cumpre dois mandados de busca e apreensão em Irati

Em Irati, a Operação Integração II cumpriu mandados de busca e apreensão na Caminhos do Paraná e Construtora Derbli. Foto: Israel Macedo

A Polícia Federal cumpriu dois mandados de busca e apreensão em Irati, na manhã de quarta-feira (26). A força-tarefa da Lava Jato, que está na sua 55ª fase, tem como foco casos de corrupção ligados aos procedimentos de concessão de rodovias federais no Paraná que fazem parte do Anel de Integração. Os alvos das medidas da Operação Integração II foram as concessionárias Econorte, Ecovia, Ecocataratas, Rodonorte, Viapar e Caminhos do Paraná, além de intermediadores e agentes públicos corrompidos beneficiários de propina, segundo a investigação.

O diretor presidente da Caminhos do Paraná, José Julião Terbai Junior, foi um dos presos, além de Ruy Sergio Giublin, também ligado a direção, que seria articulador e negociador de propinas pagas pela concessionária.

As concessionárias de pedágio que atuam no Paraná mantinham uma sala em um edifício comercial de Curitiba, especificamente para operar dinheiro captado ilicitamente. Segundo as investigações, o imóvel havia sido alugado por Ruy Giublin.

Em nota, a Caminhos do Paraná fala que lamenta o ocorrido e considera a prisão de Terbai desnecessária, visto que tem prestado os esclarecimentos necessários e jamais negou colaboração. Ainda enfatizou que a concessionária tem compromisso com a transparência e a integridade e que está colaborando com a Justiça.

GRUPO DERBLI

Além da Caminhos do Paraná, em Irati, os policiais também cumpriram mandado de busca e apreensão na Construtora Derbli, empresa que presta serviço terceirizado para a concessionária. Segundo nota da empresa, no local foram verificados documentos relacionados a Caminhos do Paraná e que está à disposição da Justiça para esclarecimentos. Também afirmou que o Grupo Derbli não é alvo da investigação.

De acordo com o relato do Ministério Público Federal, baseado em delações, entre elas a do ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), Nelson Leal Junior, os contratos das empresas citadas, uma delas a Derbli, tinham objetivo de gerar dinheiro em espécie. Elas seriam indicadas pelo ex-secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Pepe Richa, e por Deonilson Roldo para que as concessionárias as contratassem.

Segundo o despacho do MPF, o dinheiro entregue em espécie pelas concessionárias era obtido mediante a produção de caixa dois, que ocorria ou por intermédio da celebração de contratos inteiramente fictícios ou através da celebração de contratos verdadeiros, mas com valores inflados.

A Construtora Derbli teria recebido R$ 5.826.942,66 da Caminhos do Paraná entre 13/05/2005 e 06/10/2015. Já a Derbli Locação de Equipamentos R$ 950.829,53 da mesma concessionária entre 12/09/2013 e 16/07/2014.

A Folha procurou a direção do Grupo Derbli, que afirma que o advogado da empresa não teve acesso aos autos do processo e que assim que tiver, fará os esclarecimentos necessários.

GOVERNO

Foram expedidos mandados de prisão temporária nessa fase da Lava Jato, por cinco dias, contra Pepe Richa (PSDB) ex-secretário de Infraestrutura e Logística e Luiz Abi Antoun, primo do ex-governador, e outras 14 pessoas, incluindo diretores de empresas de pedágio. Também foram expedidos três mandados de prisão preventiva – sem prazo para terminar.

Cerca de 400 policiais federais, auditores da Receita Federal e membros do Ministério Público Federal (MPF) cumpriram ainda 73 mandados de busca e apreensão em quatro estados: Santa Catarina (Joinville e Palhoça), São Paulo (São Bernardo do Campo, São José dos Campos, São Paulo e Jundiaí), Rio e Janeiro (Niterói) e Paraná (Ponta Grossa, Irati, Londrina, Guaratuba, Morretes, Matinhos, Maringá, Cascavel, São José dos Pinhais, Pinhais, Balsa Nova, Araucária e Curitiba).

Os investigados responderão pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, fraude a licitações, lavagem de dinheiro e associação criminosa, dentre outros.

PREVENTIVAS

O juiz decretou três prisões preventivas e 16 prisões temporárias. Foram alvos de prisão preventiva João Chiminazzo Neto, presidente da Associação Brasileira de Concessões Rodoviárias (ABCR); João Marafon Júnior, advogado e funcionário da Econorte; e Luiz Fernando Wolff de Carvalho, presidente do Conselho de Administração da Triunfo Participações e Investimentos.

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