A Páscoa dos poloneses

Texto: Caterina Balsano Gaioski e Nelsi Antonia Pabis

A profunda religiosidade dos poloneses, repassada através de gerações para os seus descendentes, faz da Páscoa, e dos dias que a antecedem a Semana Santa, o ponto alto das comemorações. É uma das mais antigas e significativas datas cristãs que celebra a ressureição de Cristo; para os poloneses, além de comemorar a ressureição de Cristo, é a festa da família e envolve cerimônias religiosas e costumes populares.

Durante a quaresma, que são os quarentas dias que antecedem a Páscoa, os poloneses reúnem-se para a via sacra; é tempo de jejum e reflexão sobre o sofrimento de Jesus até ser crucificado.

Muitas famílias, principalmente na área rural, antecipam os seus afazeres para poderem dedicar, inteiramente o seu tempo, no preparo das festividades. Depois de uma caprichada limpeza, vem a decoração da casa e adjacências, estoque de lenha para as fornalhas, onde serão assados os quitutes próprios para esta data.
A parte religiosa inicia no Domingo de Ramos – Niedziela Palmowa, que relembra a chegada triunfante de Jesus a Jerusalém; os poloneses, como os demais cristãos, vão à igreja, levam palmas e outras flores para serem abençoadas e guardadas durante o ano todo para proteção da família, da casa, das tempestades e do fogo. Durante a semana, familiares e vizinhos reúnem-se para novenas, orações e a via sacra que lembra a Paixão de Cristo; na quarta-feira a missa, normalmente na intenção dos doentes e, na quinta-feira, santa a missa do Lava-pés.

A Sexta-feira Santa é dia de jejum, participam da via sacra e da cerimônia da Paixão de Cristo e os poloneses entoam o cântico Gorskie Zale – amargas lamentações, lembrando a trajetória de Jesus até ser crucificado.
Aqui em Irati, normalmente às 14h, um grupo de descendentes de poloneses, integrantes do Grupo de Cantos João Paulo II e do Núcleo Braspol de Irati, reúnem-se na Igreja Matriz de São Miguel para cantar, em polonês.
No sábado, o ponto alto das comemorações que antecedem a Ressurreição de Cristo, é a SWIECONKA – bênção dos alimentos. Um verdadeiro espetáculo de cores e sabores. Centenas de cestas lindamente enfeitadas, contendo alimentos tradicionais, são levadas à igreja, colocadas ao redor do altar para serem bentas.

De acordo com a tradição polonesa, fazem parte da cesta: o carneiro – símbolo da ressureição de Cristo; a raiz forte – símbolo do sofrimento de Cristo; o sal – símbolo da verdade; o queijo – símbolo da reconciliação do homem com a natureza; o bolo – símbolo da habilidade; o pão– símbolo de Cristo e da prosperidade e os ovos cozidosas pêssankas-ovos artisticamente decorados, com técnicas especiais. Nas crenças eslavas, o ovo tinha significado importante, simbolizava o início de uma nova vida. Atualmente, a manteiga, óleo de cozinha e muitas guloseimas, dentre elas os chocolates, fazem parte das cestas que são levadas à igreja para serem bentas. Estes alimentos bentos farão parte da primeira refeição do domingo da Páscoa, quando a família reunida em torno da mesa, fará suas preces de gratidão e louvor a Jesus Ressuscitado e a partilha dos alimentos bentos.
A manutenção destas singelas tradições polonesas, além de ser um ato de rememorar e vivenciar a paixão, morte e ressurreição de Cristo, é um tributo de gratidão aos antepassados, é uma forma de manter firmes as raízes da descendência.

Sobre as festividades da Páscoa na Polônia, o Boletim Polska i myA Polônia e nós de 2020, menciona que em nenhum lugar falam tão alto os corações como na Polônia e o período da quaresma, preparação para a Páscoa, tem como objetivo também, motivar uma reflexão profunda que leve a uma mudança positiva em nossa vida diária.
No ano de 2020, devido à pandemia, a bênção dos alimentos foi realizada em forma drive thru– através da janela do carro – com a participação de centenas de veículos; assim, as famílias puderam manter a sua tradição.
O Núcleo Braspol de Irati, deseja a todos uma santa e FELIZ PÁSCOA e que seja uma renovação para todos.

 

 

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