Trio acusado da morte de Juziel será julgado nesta terça-feira (7)

Depois de cinco anos de ocorrido o crime contra a vida do adolescente, Juziel Markos Remes de Andrade, o destino dos três acusados de matar o jovem, que na época tinha 17 anos, será decidido nesta terça-feira (7), em que acontece o Júri Popular.

A decisão no Plenário começa às 9h, no Fórum de Irati, no Bairro Rio Bonito. Nele, serão ouvidas seis testemunhas de defesa e cinco de acusação. Devido a quantidade de pessoas ouvidas, não há horário para término do júri.

No dia, das 41 cadeiras disponíveis no Plenário, nove serão para cada família, dos acusados e da vítima. As cinco que sobram serão para a imprensa. As ruas em volta do Fórum podem ser bloqueadas, porém ainda não foi confirmado pelo órgão responsável.

Dos acusados, apenas Marcelo Padilha está solto, os outros dois, Cléber Fabiano Farias de Souza Martins e Luiz Fernando dos Santos, estão detidos em prisão preventiva. Os três, se condenados, podem pegar mais de 12 anos de prisão, o que pode se estender devido às qualificações.

Ao total, serão sete jurados, eles devem ouvir todos os lados. Após o término dos ouvintes, eles se reúnem em uma sala separada, onde responderão um questionário. A decisão não é unânime, ou seja, assim que quatros jurados tenham a mesma resposta, sim ou não, a decisão sairá.

O juiz, em casos de júri popular, decide a pena que os acusados, se condenados, devem obter em relação ao crime cometido. Neste caso, eles foram denunciados por homicídio qualificado.

O promotor de Justiça de Irati, doutor Eduardo Rato Vieira, emitiu uma nota, enfatizando o papel do Ministério Público no caso. “As provas que instruem o processo serão devidamente expostas e valoradas perante o Conselho de Sentença, mas desde logo posso deixar consignado que o Ministério Público já formou a sua convicção em relação aos fatos e espera que a sociedade local, representada pelos sete jurados, acolha o pleito condenatório, que será sustentado pelo Ministério Público em plenário, de modo a viabilizar a aplicação de uma pena proporcional à gravidade e hediondez do crime descrito na denúncia”.

O CASO

O jovem Juziel de 17 anos foi encontrado sem vida na manhã do dia 24 de março de 2014, em um terreno baldio, na Avenida Vicente Machado. Ele saiu de casa para um open bar no dia 22, onde foi visto pela última vez.

Depois do desaparecimento, iniciaram as buscas que duraram todo o dia 23, sendo encontrado com sinais de agressão na cabeça e no rosto, por pedradas, apenas no outro dia. As imagens de segurança mostraram que o jovem foi seguido por três rapazes.

Após cinco dias do ocorrido, as Polícias Civis e Militares de Irati capturaram os três suspeitos do crime, que foram denunciados pelo Ministério Público.

Acusados, Marcelo Padilha, Cléber de Souza Martins e Luiz Fernando dos Santos/ Foto: Arquivo Folha

 

COMOÇÃO POPULAR

A morte de Juziel causou uma grande comoção popular, que iniciou nas buscas pelo menino no dia seguinte do desaparecimento. Após encontrado o corpo, amigos e familiares fizeram uma passeata pela cidade pendido justiça.

Quando o trio de acusados foi preso, no dia 28, cinco dias após o ocorrido, também houve manifestação por parte de amigos e família. No dia 29 de março, em um jogo do campeonato Interbairros, a equipe que iria disputar a partida, C.S.A Rio Bonito, manifestaou apoio, fez uma passeata pelo campo, seguida de uma oração. Também o iratiense, Leandro Pioli Caetano, apresentou a música de sua autoria, “Vai em paz”, em homenagem.

No mesmo dia, na parte da noite, muitas pessoas, vestidas de branco, passaram pelas ruas de Irati, chegando ao terreno baldio, onde Juziel foi encontrado. Velas forma acesaas e orações feitas. Naquele mesmo final de semana, no final da Copa Folha, também foi feita homenagem ao menino.

DEFESA

Em contato com o advogado de defesa de Cléber Fabiano Farias de Souza Martins, Fabrizzio Matte Dossena, diz que sustentará o depoimento inicial de Cleber, de que a intenção não era matar e deixou o adolescente com vida no local. Juziel foi encontrado em outro lugar indicado pelo acusado, e já estava sem vida.

O advogado de defesa de Luiz Fernando, Nelson Anciutti Bronislawski, diz que “será comprovado que os fatos não se deram conforme noticiado pelo promotor de Justiça. O Luiz já foi pré-julgado pela opinião pública, como culpado, contudo, as provas já produzidas comprovarão o contrário”. A defesa ainda informa que será um júri difícil e longo, com muitas peculiaridades, mas que conta, principalmente, com a imparcialidade dos jurados.

Já o advogado de defesa de Marcelo Padilha, Josué Hilgemberg, explica que “apesar da defesa do Marcelo vir sofrendo vários cerceamentos durante toda a instrução processual, em relação a certas provas já produzidas no processo. Esperamos que o Conselho de Sentença seja imparcial e principalmente que venha acolher a tese da defesa pela qual será sustentada no plenário do júri, do qual esperamos justiça sobre esse caso de grande repercussão em nossa sociedade”.

JÚRI PODE SER SUSPENSO

Nesta quinta-feira (2), o advogado de defesa de Padilha, Hilgemberg, protocolou um Habeas Corpus para suspender o júri, até que o Tribunal de Justiça do Paraná contrate um perito para que faça a leitura da Estação Rádio Base (ERB), por ser uma prova esclarecedora do crime. Segundo o advogado, esse documento possui duas mil páginas, e não foi aceito pelo judiciário como prova.

A ERB é um sistema de telefonia celular para a estação fixa, com que os terminais móveis se comunicam, que são as torres, a área de cobertura é chamada de célula de rede telefônica, e com ela é possível rastrear os celulares em devidos lugares, assim, com o mapeamento feito é preciso ser analisado por especialistas.  Esse modelo também foi utilizado para chegar aos suspeitos da morte da vereadora Marielle Franco do Rio de Janeiro, caso bastante repercutido em mídia nacional.

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