13ª edição da Caminhada Franciscana reúne cerca de 100 fiéis em Irati

Amanda Borges

A 13ª edição da Caminhada Franciscana reuniu cerca de 100 fiéis que partiram da Capela São Francisco, às 6h, rumo à UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro Oeste), campus de Irati, no domingo (12). Os caminhantes percorreram os 7km do trajeto rezando, agradecendo e meditando os escritos franciscanos. Além das reflexões, os participantes recolheram lixo descartado nas ruas, relembrando os preceitos pró-ecologia de São Francisco. A atividade ocorre anualmente, contudo, devido à pandemia, duas edições anteriores a essa precisaram ser canceladas.

A caminhada acontece por iniciativa da Ordem Franciscana Secular (OFS) de Irati. Durante o caminho, ocorreram paradas em que os fiéis podiam descansar, beber água e recompor as energias para dar continuidade ao percurso. Além disso, sob orientação do formador do grupo, Thomaz Edson Chiquetto, durante as pausas foram lidos trechos dos escritos franciscanos e da bíblia, com o objetivo de enriquecer ainda mais a experiência.­

Já em Engenheiro Gutierrez, o último ponto de descanso foi a casa da Maria Waurika, a Dona Mariquinha, que recebeu o grupo em seu lar com um café da manhã que nutriu o corpo daqueles que muito alimentaram a alma. Foram servidos pães, bolos, geleias, patês, tudo da melhor qualidade e capricho. Além de Dona Mariquinha e sua família, colaboraram na execução do lanche as irmãs consagradas do Instituto Franciscano Seara, Margarida e Suzana, e os amigos da família, Bruno e Adriana. Por volta das 9h30, o destino dos caminhantes foi alcançado: a UNICENTRO. Lá, às 10h, ocorreu a celebração da missa, presidida pelo Frei Daniel Heinzen, no Auditório Denise Stoklos.

“O povo de Irati sempre foi ligado ao seminário, ligado aos freis, e por isso o franciscanismo marcou presença nesse município” – Frei Daniel Heinzen

Muitos dos fiéis participaram da caminhada com o objetivo de pedir bençãos ou agradecer pelas já recebidas. Uma delas foi a moradora de Irati, Silvia A. Kopp Borges, que agradeceu pela cura de um câncer. Silvia conta que em 2018 ela estava com a suspeita da doença: “naquele momento eu caminhava com um nódulo maligno na minha mama esquerda. Eu ainda não tinha o diagnóstico, mas estava bastante apreensiva. Foi uma caminhada difícil naquele dia, bastante angustiante. E hoje, graças a Deus, a caminhada teve um novo sabor: o da gratidão. Já concluí meu tratamento, estou só em acompanhamento, e estou bem”.

O prefeito de Irati, Jorge Derbli, também foi agradecer uma graça recebida. Ele conta que participou da missa ao fim da caminhada em louvor. “Ano passado nós estávamos nessa época no hospital internados com COVID e hoje, graças a Deus, com muita saúde participando”. Além disso, o prefeito promete estar presente também na caminhada no próximo ano. “Eu parabenizo a todos os franciscanos e agradeço o convite do meu amigo Vanderlei Kawa”.

Luiz Vanderlei Kawa, o principal organizador do evento, conta que a cada ano mais pessoas participam. “Para nós, é uma alegria, de ver o franciscanismo dando frutos. A caminhada é pela paz e pela vida, agradecer a Deus pelos momentos, um retiro de Natal”. Vanderlei também relembra uma marca importante da caminhada: a coleta de lixo descartado indevidamente nas ruas. “Juntando o lixo daquelas pessoas que talvez não saibam como a natureza é importante na nossa vida, a nossa Mãe Terra. Juntamos muito sacos de lixo pelo caminho”, relata. Da mesma maneira, Vanderlei frisa que a caminhada busca promover mudança pela paz e pelo bem, lema franciscano.

O destino de a caminhada ser a UNICENTRO também carrega uma simbologia muito importante para o franciscanismo local. O espaço onde hoje se encontra a universidade já foi o Seminário Santa Maria, cuja formação era franciscana. O Frei Daniel Heinzen, que presidiu a celebração, foi morador do seminário e conta como foi sua experiência morando no local. “Aqui nós tínhamos as nossas aulas, o estudo era interno, em todos os grupos. Os professores eram os freis e, portanto, os freis também que se comunicavam com Irati, que nós tínhamos a Paróquia Nossa Senhora da Luz. Então o povo de Irati sempre foi ligado ao seminário, ligado aos freis, e por isso o franciscanismo marcou presença nesse município”.

O Frei chegou a Irati no dia 14 de abril de 1953, vindo de Rio do Sul, Santa Catarina, com 13 anos de idade, e permaneceu no seminário até 1959. Na época que Frei Daniel morou no local, com ele viviam 170 meninos que almejavam a vida sacerdotal.

Por isso, o local até hoje é importante pra história do movimento franciscano da região. Sobre o que o espaço do seminário se tornou, Frei Daniel diz que os antigos moradores, assim como ele, estão contentes: “estamos felizes porque aqui se tornou um templo de formação, continuou a ser um lugar de formação”.

Além disso, o frei se emociona ao retornar ao local: “Estou encantado em voltar aqui, de ver tantos lugares que eu passei com tanto cuidado. O aumento da universidade, todas as diversas faculdades, o número de alunos e professores que tem aqui. Isso pra nós é uma alegria muito grande”. E completa: “tivemos que sair, mas o que ficou nos alegra sempre!”.

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