Vacina para alergia: como funciona? Quais os efeitos? Conheça a imunoterapia

Dr. Bruno L. Alencar, otorrinolaringologista, CRM 18299 RQE 13511

Não existe uma regra, todos nós podemos desenvolver alergias, independentemente de qualquer coisa. Tão diverso quanto as suas causas são os tratamentos para amenizá-las. Mas, ainda assim, um dos mais comentados continua sendo a imunoterapia com alérgenos, ou seja, tratamento com vacina para alergia.

Se você nunca ouviu falar em imunoterapia, saiba que essa não é uma técnica nova. Utilizada há mais de 50 anos, diminui a sensibilidade das pessoas a algum tipo de substância. Ou seja: é a aplicação do alérgeno que a pessoa é sensível em doses controladas, para “reeducar” o sistema imunológico.

Para entender a lógica da imunoterapia, você precisa entender como funciona uma alergia. Na prática, é uma reação do sistema imunológico, e uma das suas manifestações é caracterizada pela formação de anticorpos de uma classe de proteína, conhecida como imunoglobulina E (IgE).

Esses anticorpos, por sua vez, são desenvolvidos de forma específica para componentes alérgenos do ambiente, que podem ser ácaros da poeira, pólens, fungos, alimentos e até insetos. Nem todas as pessoas, no entanto, podem ser tratadas com imunoterapia.

Ela é indicada para pacientes que já tenham a comprovação de anticorpos IgE específicos a determinados alérgenos que causam os sintomas daquela alergia. Em geral, pacientes com rinite alérgica, conjuntivite alérgica, asma alérgica são bons candidatos para esse experimento.

A vacina acaba com a alergia?

Não é bem assim que o tratamento funciona, a imunoterapia é realizada por anos, sempre acompanhando o desenvolvimento do paciente e suas reações a ela.

As vacinas estimulam a formação de defesas próprias, de anticorpos específicos contra as causas da alergia que a pessoa é portadora.

Esse tipo de tratamento é o único que modifica o curso natural da doença alérgica, trabalhando essa evolução a longo prazo.

É incorreto dizer que uma vacina cura a alergia, mas é totalmente aceitável dizer que proporciona a ausência dos sintomas por um bom período.

Como funciona?

A imunoterapia pode ser feita de duas formas: injetável (subcutânea) ou sublingual, por um período de três a cinco anos. No caso da injetável, deve ser aplicada apenas por um profissional especializado. Nas duas formas as doses vão aumentando progressivamente até chegarem até a fase da manutenção.  

Devo me preocupar com contraindicações?

Em alguns casos é preciso tomar atenções redobradas. Pacientes que também sofrem de asma apresentam um risco maior de desenvolver reações.

Se a asma for do tipo não controlada ou até mesmo quando estiver em uma crise de asma, não podem receber a aplicação da vacina para alergia.

Além disso, a imunoterapia também não é recomendada para pacientes com doença coronariana, pacientes que usem um grupo de anti-hipertensivo (betabloqueadores) ou pacientes que sofram de outras doenças do sistema imunológico (imunodeficiências e doenças autoimunes).

Como potencializar o tratamento?

A sacada da imunoterapia é dar às pessoas longos períodos de paz no trato com a doença, geralmente com os outros tipos de tratamento, o alívio dura apenas o tempo de ação dos medicamentos.

Mas, mesmo assim, isso não quer dizer que você pode relaxar. Mesmo com tudo dando certo, os especialistas afirmam que ainda assim quem tem doenças alérgicas não pode se dar ao luxo de se expor perigosamente a grandes áreas de risco.

Nesses casos, os cuidados que se tomava antes das vacinas continua igual, e são apenas atrelados um ao outro. Lavar sempre o nariz com soro fisiológico é uma dica preciosa para a vida dos alérgicos, assim como manter a casa limpa. Principalmente para manter-se longe do causador da sua alergia.

Em casos complicados de alergias desencadeadas por poeiras, poluição, pólens, ácaros, fungos e bactérias, é imprescindível que você avalie a real importância de um purificador de ar na sua casa.

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