Agroindústria do Pinhão busca valorização dos pequenos produtores

Sthefany Brandalise

O município de Inácio Martins recebeu a 2ª Oficina de Vocações Regionais Sustentáveis (VRS) na quarta-feira (05), que marca um passo importante para o desenvolvimento da região por meio da construção de uma agroindústria do pinhão.


Os benefícios trazidos por essa agroindústria são diversos e impactam positivamente o município e os pequenos produtores locais. Destaca-se, ainda, o desenvolvimento regional, promovendo a valorização do produto característico da região, o pinhão.


Junior Benato, prefeito de Inácio Martins, comenta sobre o objetivo do evento. “Esse evento é mais focado ao pinhão pela agroindústria que vai ser construída na nossa região e consequentemente no município que mais produz pinhão, que é Inácio Martins. O benefício que a Agroindústria traz é o desenvolvimento da região, caracterizando um produto que nossa terra tem abrangência. O objetivo maior é fomentar a economia local, que é do produtor rural que preservou a natureza e a araucária”, esclarece o prefeito.

Thaís Gonçalves trabalha na parte de planejamento de Inácio Martins, e conta que a agroindústria vai atuar como uma cooperativa. “A ideia é que essa cooperativa seja de mulheres. Essas mulheres cooperadas vão administrar e desenvolver o trabalho da industrialização do pinhão dentro da agroindústria. Além disso, temos uma essa parceria com a Embrapa que vai fornecer toda a parte de formação e capacitação dessas mulheres”.

Erva-mate e pinhão produzidos no município de Inácio Martins – Foto: Sthefany Brandalise


Leandre Dal Ponte comanda a Secretaria de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa do Paraná, e conta que também contribuirá para a estruturação da cooperativa. “A ideia é que essa indústria seja tocada por uma cooperativa de mulheres e que ela tenha, para além do cunho comercial do produto, geração de renda, mas, também, o foco social na questão de promoção de igualdade entre homens e mulheres, garantia de direitos e melhoria na qualidade de vida”, afirma.


Bruno Antonio, gerente de desenvolvimento econômico da Invest Paraná, que é parceira neste empreendimento, diz que “criamos um programa de abertura de mercados para esses produtos tradicionais aqui do estado do Paraná. Dentro desse projeto vamos garantir que os insumos entrem na agroindústria e que o produto seja comercializado”, destacou.


O extensionista rural do IDR Paraná, Vanderlei José da Rosa, diz que o objetivo do evento é fazer com que os produtores participem da agroindústria. “Esse evento tem o objetivo de chamar os pequenos produtores, as famílias e associados para agregar nessa agroindústria, proporcionando melhores condições de vida para eles”.


Danielle Ukan, professora na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), esteve presente no evento e diz que a universidade está participando do projeto de construção da agroindústria do pinhão. “Nós fizemos uma oficina em dezembro para levantar quem são os atores, quem participa da cadeia e na sequência fomos para campo coletar dados. A Unicentro ficou responsável pela coleta de dados e informações de produtividade, o valor de venda, para quem é entregue esse pinhão e quais as potencialidades desse produto que pode gerar renda para o pequeno produtor”, comenta.


O prefeito de Irati e presidente da Associação dos Municípios Centro do Sul do Paraná (Amcespar), Jorge Derbli, afirma que “essa nova agroindústria vai transformar o pinhão em um produto que pode ser comercializado durante o ano inteiro, porque o ciclo do pinhão é muito curto. A agroindústria vai beneficiar ainda mais nossa região”.


MUDAS ENXERTADAS
Como resultado de 18 anos de pesquisa conduzidas pelo pesquisador Embrapa Florestas, Ivar Wendling, hoje os produtores rurais têm acesso a novas metodologias de seleção de plantas superiores, enxertia e implantação de pomares de pinhão precoce que começam a produzir de seis a oito anos. Também foram desenvolvidas técnicas para antecipação da produção de pólen para fecundação das pinhas.


Além disso, já existem cultivares registradas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e viveiros treinados na técnica. “A enxertia é uma técnica que é usada já em outras espécies frutíferas. Na araucária é uma técnica muito nova, mas que já tem mostrado bons resultados. O produtor pode enxertar em mudas da regeneração ou ele pode fazer a muda numa sacola e pode enxertar isso. Com a enxertia o produtor pode montar um pomar para a produção de pinhão”, comenta Ivar.


Esta técnica possibilita produzir pinhão com as características desejadas pelo mercado, pois é possível identificar e selecionar as árvores matrizes de acordo com o desejado: tempo de produção, composição nutritiva, produtividade, tamanho e formato do pinhão, etc. A técnica também permite a formação de enxertos de galhos e caules, que dão origem a árvores de diferentes formatos e que podem ser utilizadas de diversas formas na implantação de pomares. Dos galhos enxertados, obtém-se uma árvore arbustiva de até cinco metros de altura. Os enxertos de raízes, por outro lado, produzem árvores maiores, com formação de troncos que crescem como as araucárias, mas com menor altura e produzem pinhas mais cedo.

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