Dia Mundial do Autismo: o autismo não tem cara, mas o amor sim

Esther Kremer

Dia 02 de abril é considerado o Dia Mundial do Autismo. O mês todo é destinado para a conscientização do espectro e o respeito com o próximo. Em Irati, a Associação TEAbraça, composta por famílias atípicas, realizou algumas atividades no sábado (01) e no domingo (02) . O objetivo foi chamar a atenção da população para entender melhor sobre o transtorno.

No sábado (01), foi feita uma caminhada pelo Centro de Irati, às 10h e, logo após, uma blitz sobre a conscientização do autismo. Já no domingo (02), o encontro aconteceu no Parque Aquático onde teve cama elástica para as crianças, piquenique, muita brincadeira e uma roda de conversa entre as famílias atípicas.

A presidente da Associação, Karina Ramilo de Jesus, comenta que é mamãe do Heitor, autista nível um de suporte, e explicou sobre a criação da TEAbraça. “Partiu de um desejo dos pais atípicos em busca de lutar pelos nossos direitos, pela conscientização, lutar pela diminuição do preconceito e aumentar a inclusão. A aprovação aconteceu no dia 22 de março, em uma assembleia, na Câmara de Vereadores, onde apresentamos o estatuto e os objetivos principais e específicos, tudo em prol das pessoas autistas”.

A vice-presidente da Associação, Giovana Assis, mamãe da Maria Eduarda, falou sobre as atividades promovidas no fim de semana. “Pensamos em fazer o nosso primeiro evento no mês da conscientização. O dia 02 é o Dia Mundial do Autismo e tivemos a ideia de fazer uma caminhada com as crianças e distribuir panfletos que mostrassem mais sobre o autismo. A nossa ideia é espalhar mais informações sobre o espectro”.

O QUE É O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)?

A psicóloga Renata de Andrade, mamãe de uma autista, esteve presente no evento e explicou o que é o Transtorno do Espectro Autista. Segundo ela, é um transtorno global do neurodesenvolvimento onde afeta várias áreas do desenvolvimento. “É um transtorno que acomete o cérebro, o neuro, mas também afeta a parte da linguagem, socialização, a interação, os estímulos, por isso falamos que é global, pois afeta toda a questão corporal, sensorial, afetiva e isto não quer dizer que o autista não tem afeto, ele apenas demonstra de outras formas”.

Ainda, ela comenta que o TEA, pela lei, é considerado uma deficiência e por ser um transtorno do espectro não tem sinais e sintomas iguais para todas as crianças e adultos. “Dentro da divisão médica, são três níveis de suporte existentes e isto depende muito de pessoa para pessoa. Existem crianças, ou adultos, que tem menos sensibilidades a sons, toques e outras tem mais, tem crianças que desenvolvem rapidamente a habilidade de fala e outras que demoram mais, há crianças que olham nos olhos e gostam de contato físico, mas também há aquelas que não gostam. É um espectro porque os autistas não são iguais, existem sinais e sintomas presentes em todos eles que ajudam no diagnóstico, mas as crianças não são iguais”.

“O autismo não é uma sentença final, mas é um recomeço para todas as famílias, uma nova forma de ver o mundo” – Renata de Andrade

Renata também falou, como mãe atípica, sobre a importância da Associação e da conscientização. “Irati estava precisando e é importante para a gente mostrar que o autismo está por aí, que apesar de as crianças autistas não terem cara de autistas, como muitas pessoas dizem, é um transtorno que existe e necessita de politicas públicas que ofereçam suporte para as famílias”.

Suelen Lima, mamãe atípica do Gabriel, esteve presente no evento e falou sobre a importância da Associação. “É muito importante esta conscientização para que a população entenda o que é o autismo, que não é uma doença invisível, não tem ‘cara’ para o autismo. Falta um pouco desta informação e com a Associação ajudando neste trabalho, de levar a informação, vai ser mais fácil para que as pessoas compreendam as estereotipias de uma criança e não julguem”, disse.

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