Profissionais da enfermagem de Irati e região protestam pelo piso salarial

Esther Kremer

No dia 21 de setembro, os trabalhadores da enfermagem de todo o país fizeram greves e manifestações sobre o descontentamento em relação ao piso salarial da categoria, que foi suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF)na sexta-feira (16), pelo período de 60 dias. Em Irati, a manifestação aconteceu em frente à Santa Casa e contou com trabalhadores do município e da região, eles seguraram cartazes e faixas pedindo pelo aumento, pela valorização da classe e pelo reajuste na tabela do SUS.
O motivo principal do ato foi a suspensão do piso salarial, aprovado pelo Congresso, em julho, e sancionado pelo Executivo em agosto. Mas, o STF suspendeu a Lei 14.434/2022 que estabelece o aumento no salário destes profissionais. Segundo o projeto, o aumento para a enfermagem seria de R$ 4.750, para os técnicos seria 70% deste valor e 50% para auxiliares e parteiras.
Em nota oficial, o Supremo falou sobre a liminar deferida pelo ministro Luís Roberto Barroso.“A liminar, deferida na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7222, definiu prazo de 60 dias para que entes públicos e privados da área da saúde esclareçam o impacto financeiro, os riscos para a empregabilidade no setor e eventual redução na qualidade dos serviços”.
Segundo o presidente do Sindicato dos Empregados Em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Irati (SEESSI), Mário Cordeiro, um dos principais impasses foi a falta de um custeio para os hospitais. “Na minha opinião, faltou um pouco de trabalho do Sindicato dos Hospitais e da Federação dos Hospitais, quando viram que o projeto estava sendo aprovado, eles não conseguiram buscar uma fonte de custeio para poder repassar o valor aos trabalhadores”, disse.
O diretor administrativo da Santa Casa, Sidnei Barankievicz, explicou que a Santa Casa não é contra o pagamento do piso, mas que não tem recursos o suficiente. “Todas as Santas Casas vivem uma situação financeira complicada, há muitos anos não tem reajuste da tabela SUS, reajuste nos incentivos, são mais de 15 anos sem esse apoio. Foi feito um levantamento junto a Confederação Nacional das Santas Casas e mais de 20 mil leitos poderiam ser fechados caso tivéssemos que pagar este piso e os hospitais deveriam baixar o número de funcionários”.

Já ouvimos falar que nosso trabalho não dá lucro, mas nós salvamos vidas e quanto vale uma vida?”

Josiani dos Santos

Ainda, segundo Barankievicz, o hospital atende uma região de 160 mil habitantes e mantém mais de 200 funcionários da área de enfermagem, o que torna a situação financeira ainda mais complicada. “Temos um déficit mensal de R$ 400 a R$ 500 mil sem o piso, com o aumento este valor iria para R$ 900 mil, seria um impacto de R$ 430 mil a mais na folha de pagamento”, comenta.



O deputado federal, Evandro Roman (PP), comentou sobre a situação e disse que “o STF é um dos poderes, mas não tem voto popular, então, não tendo voto, estão tomando decisões que não cabe a eles. Quero tentar entender, junto à sociedade, qual é esse poder moderador que transpõe os limites da necessidade do anseio popular. É lamentável a decisão do ministro Barroso”.
MANIFESTAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS
Em Teixeira Soares, foi realizado um movimento pequeno em apoio as manifestações. A enfermeira Marcia de Castro Coutinho comentou sobre a importância do ato. “Esse movimento, nada mais é que sensibilizar os governantes sobre a importância deste piso. Não é uma luta de agora, desde 1955 nós buscamos este reconhecimento, que é ter um piso salarial e a jornada de 30 horas.”, disse Marcia.
Em Irati, a técnica em enfermagem, Josiane dos Santos, diz que os funcionários precisam de reconhecimento por todo o trabalho feito. “Foi difícil na pandemia. Nós só queremos um piso salarial bom para todos, estamos frustrados”.
Ainda, Josiane comentou sobre a classe estar unida. “Temos o mesmo objetivo. Não são só os aplausos que nós precisamos, não pagamos nossas contas de luz e o mercado com aplausos. Muitas pessoas nos valorizam e estão do nosso lado, mas quem realmente precisa nos ajudar, que são os que nós elegemos e votamos, não ajudam”, disse.
A técnica em enfermagem, Josieli Princival, também expressou sua opinião sobre o assunto. “Queremos que os governantes resolvam a situação, que consigam esta verba para os hospitais, porque eles não têm este recurso para nos pagar. Estamos unidos nesta causa”.
Joelma Rocha, também técnica em enfermagem, comentou sobre a manifestação. “Hoje, nós precisamos de valorização, o profissional da saúde é muito mal remunerado e nós só queremos um pouco de reconhecimento pelo trabalho”, finaliza.

Na foto, profissionais da enfermagem do município de Rebouças
SEESSI
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