Roncopatia, quais são causas, tratamento e será que tem cura?

Dr. Bruno L. Alencar
Otorrinolaringologista
CRM 18299 RQE 13511

O tratamento da roncopatia passa essencialmente pela estabilidade e pelo aumento do diâmetro da via aérea superior durante o sono. Infelizmente, não existe atualmente no mercado tratamento medicamentoso (remédio ou medicamento) que se tenha verificado eficaz nesta situação.


Adopção de um estilo de vida saudável
O primeiro passo na redução da roncopatia deve ser a adopção de um estilo de vida saudável que consiste em evitar refeições muito pesadas ao jantar, evitar a ingestão de álcool 2-3 horas antes de deitar-se, e a prática de uma atividade física regular não extenuante (sobretudo, quando praticada ao fim do dia).

Naturalmente, tratando-se de uma situação fortemente associada ao excesso de peso, a sua perda é fundamental em todas as etapas do tratamento, devendo ser aconselhada como primeira abordagem.


No entanto, mesmo adoptando essas medidas, uma grande parte da população mantém um ressonar que é muito incomodativo para o parceiro(a). Nesses casos, outras medidas podem ser eficazes na redução do ressonar:


Uso de aparelhos, próteses
Uso de dispositivo, aparelho ou prótese de avanço mandibular: essas próteses promovem a abertura da via aérea superior sem cirurgia, fazendo avançar a mandíbula discretamente alguns milímetros durante o sono.


Trata-se uma forma simples e eficaz de reduzir ou eliminar a roncopatia. No entanto, deve ser feita em laboratórios especializados, e a sua colocação deverá ser monitorizada por um dentista experiente no uso desses aparelhos (veja imagem do mecanismo de abertura da via aérea superior através de uma prótese de avanço mandibular).


Uso de adesivos nasais
Os adesivos nasais são muito populares por serem de fácil acesso e utilização, possuem uma eficácia muito variável de pessoa para pessoa, na medida em que a respiração nasal não costuma ser a única razão para se ressonar. Contudo, dado o seu carácter prático poderá ser uma abordagem aceitável em casos pontuais.


Tratamento posicional ao dormir
De um modo geral, o ressonar aparece ou intensifica-se em determinadas posições de sono, tipicamente em decúbito dorsal (“barriga para cima”). Um dos tratamentos poderá passar por evitar as posições que promovem a roncopatia. Isto pode ser conseguido de forma natural, evitando deitar-se de (“barriga para cima”), ou com a ajuda de determinados reposicionadores próprios para o efeito. Um correto posicionamento ao dormir pode, em alguns casos, diminuir significativamente a roncopatia.


Cirurgia
Tratando-se de uma situação benigna, geralmente o tratamento cirúrgico (cirurgia ou operação) da roncopatia (sem apneias significativas) deve ser considerado apenas em casos específicos, e sempre da forma menos invasiva possível (de preferência sob anestesia local). Existem diversos tratamentos cirúrgicos, principalmente destinados a reduzir a flacidez do palato mole e da uvúla, que podem ser úteis na redução da roncopatia.


Os tratamentos cirúrgicos focados na faringe visam, na maioria dos casos, diminuir a flacidez do palato e reduzir o tamanho da úvula, através de radiofrequência ou injeção de esclerosante no palato mole. Em doentes bem selecionados, estes tratamentos podem acabar com cerca de 50% do volume do ressonar, redução essa que geralmente é suficiente para ser tolerado pelo parceiro/a.

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