A força da mulher no ramo policial

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Tentando melhorar de vida e com uma criança para criar, a tenente Gisleia Aparecida Ferreira fez da sua necessidade a sua profissão, o que a tornou um destaque feminino na área da Policial Militar. A iratiense já recebeu homenagens dos policiais e hoje tem o respeito deles.

Segunda filha do casal Irondina e Amadeu Ferreira sempre teve os estudos como prioridade em sua vida. Desde pequena aprendeu isso com os pais. Ele era caminhoneiro e a mãe cuidava da cada e dos filhos. De uma família humilde, sobrevivendo com um salário baixo precisou trabalhar desde cedo, foi “bóia fria”, arrancava feijão nas férias para poder comprar o material escolar, também foi babá e hoje é tenente da Polícia Militar Ambiental do Paraná. Em toda sua trajetória, Gisleia teve a colaboração dos familiares.

A menina, que sonhava em ser engenheira civil, viu sua vida mudar quando engravidou aos 17 anos. “Foi um período feliz quando eu a tive a minha primeira filha, foi uma alegria para a minha família, mas conturbado, porque eu era solteira não conseguia emprego, ninguém queria empregar uma mulher com filhos. Até que, em 1993, comecei a trabalhar no Iraty Sporte Club, em que o João Portela me deu a oportunidade. E foi uma época de grande crescimento”.

Depois de terminar o ensino médio, Gisleia percebeu que precisava mais, tinha uma filha e queria melhorar de vida. Foi quando viu uma notícia na TV em que tinha inscrição para polícia feminina em Guarapuava, se interessou e ligou. Ela conta que a primeira pergunta foi o salário, e como era alto, resolveu fazer a inscrição. Como uma mulher estudiosa que é, começou a se dedicar, só estudava e contratou um  personal treine, com um dinheiro que tinha guardado, para melhorar seu condicionamento e passar no teste físico. Depois de tanta dedicação, passou em quarto lugar. Ela, junto de mais 40 mulheres, foram se dedicar como soldados da polícia.

Mostrando a força da mulher, cinco anos após ter entrado na área, fez o concurso de Cabo e, concorrendo com homens, conseguiu uma das duas vagas que tinham destinadas às mulheres. Em 2001, passou para Sargento e na mesma época começou uma graduação. Por causa do trabalho, mudou de rumo e se formou em Direto pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), na mesma época. Foi quando voltou para Irati a pedido do, na época, Capitão Taborda, e trabalhou na Oitava Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).

Gisleia conta que teve muitas posições de comando dentro da polícia, e a forma como lidou com isso fez dela o que é hoje, uma mulher respeitada pelos seus subordinados. “Eu sempre fui muito briguenta, sempre gostei das coisas certas e quando a gente briga de uma forma que mostra que você está certa, que consegue, eles vão te dando as oportunidades e verem que a gente é igual ao homem, não tem diferença. Eu trabalhei em todas as áreas. Como fui graduada muito cedo desde sempre já comandava equipes, pelotão. Minha função sempre foi mais elevada, e eu precisava manter o controle, e como a gente faz isso? Tendo uma boa conversa, não se pode estar isolada, ser autoritária, tem que ter conversa com eles, tem que demonstrar que está do lado deles e que podem confiar em você”, conta.

É claro que a mulher que hoje é  inspiração tem as suas inspirações. Gisleia fala sobre da amiga,  Coronel Aparecida, que batalhou pelas igualdade de gênero dentro da polícia e colaborou para que fossem mudadas Leis como a destinação de cargos para mulheres sendo 50% para cada e a elevação dos cargos dentro da corporação.

Nestes 24 anos na polícia, Gisleia diz que nunca sofreu indiferença por ser mulher. Nunca tive problemas com superior ou subordinado e inclusive na rua, e já fiz muito disso. A gente tem que ter essa firmeza esse conhecimento. Eu sempre gostei de estudar, de estar me atualizando, e sempre passo isso para a tropa nas ocorrências que a gente vai, para ter esse respaldo”.

Com toda essa trajetória de vida, tem uma filha de 27 anos, veterinária, e uma de quatro que mora com ela, Gisleia descobriu a profissão, se dedicou e aprendeu, hoje, se sente uma vitoriosa. “Eu me sinto uma vencedora mesmo porque ver toda a trajetória, e ainda tenho vários planos, espero que a minha história, de tudo que eu contei, inspire mais pessoas a fazer uma das coisas mais gostosas que é estudar e procurar repassar o que sabe para os outros”, conclui.

 

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