Motorista e socorrista: a rotina de quem dirige e salva vidas na estrada

 

 

 

 

 

 

 

No Dia do Motorista, comemorado em 25 de julho, trazemos a história de Rafael Kutner, de 34 anos, que é motorista socorrista, e atua há nove anos nessa missão, atendendo inúmeras ocorrências na estrada, arriscando a vida, mas também, salvando muitas.

Kutner começou como caminhoneiro, quando tinha 21 anos. Foram quatro anos dedicados às cargas na estrada, que ia até São Paulo. Após esse tempo resolveu mudar a profissão, mas sem sair da estrada, e achou o que gosta de fazer, ser socorrista e motorista. Estudou, se formou e começou a trabalhar.

Rafael Kutner é motorista e socorrista há nove anos, e atua nas duas funções nas estradas/ Foto: J Lopes

 

Na ProSalv, empresa em que atua na praça de pedágio que vai da Ponte Alta até os Vieiras, em Irati, realiza dois trabalhos. Além de dirigir a ambulância, também ajuda no atendimento à vítima. Sua primeira missão é estacionar em local seguro, onde ele e o enfermeiro que o acompanha, possam descer. Depois sinaliza com os cones, se for necessário interdita a via, além de comunicar o Conselho de Controle (CCO). Ele também é responsável por cortar a lataria no acidente, para retirar a vítima.

Depois de todo esse trabalho, ajuda o colega no atendimento. “Como sou técnico em enfermagem, ajudo na parte da medicação, soro, mobilizar, amarrar na tábua, colocar o colete na pessoa. Temos que ter todo o cuidado, uma lesão pode levar a óbito. Algumas pessoas acham que a gente só dirige, mas não, eu atendo igual aos outros”, disse Kutner.

Outro serviço realizado por Rafael e a equipe, é a conferência da ambulância, a limpeza, verificação dos materiais, medicamentos, combustível, maquinário, tudo precisa estar pronto no início do dia, para quando houver um acidente.

Nas duas funções, o motorista diz que o mais difícil é quando atende acidente com crianças, ou quando a vítima está encarcerada e com vida, porque pensa no sofrimento dela. “Para gente que está atendendo já é complicado, imagina para a vítima que esperou a ambulância chegar, fica naquela ansiedade de sair das ferragens, até alguém avistar o acidente, avisar a equipe, a ambulância chegar, às vezes, é longe o local. Você fica ansioso para tirar dali, porque é uma vida, mas a hora que a gente tira é um alívio, é mais uma vida salva”.

Quando perguntado sobre acidentes com conhecidos, Rafael conta do caso ocorrido em outubro de 2018, em que um casal se acidentou na BR-277, saindo da estrada de acesso ao Pinho para a via. O veículo foi atingido por um caminhão. A mulher veio a óbito no local, e o marido faleceu 15 dias depois, no hospital.

“Um dos mais graves que atendi, com pessoas conhecidas, foi do casal do Pinho, sou bem conhecido da família. Eles me mandaram mensagem contando sobre o falecimento no hospital. E até hoje quando os encontro, eles me agradecem. E foi uma pena, porque nós levamos ele com vida até lá, mas era para ser”, comenta Rafael.

Em relação aos agradecimentos, o socorrista conta que é comum as pessoas ligarem ou irem até o local agradecer pelo atendimento prestado. “Esses dias, a gente atendeu um homem que estava quase enfartando, no outro dia ele passou aqui para ver a pressão, aí lembrou de nós, e agradeceu. Também, o pai de um rapaz que nós socorremos ligou aqui e falou do acidente, eles nos passaram a ligação, e ele agradeceu, recebemos mensagens no Facebook de agradecimento e parabéns pelos nossos serviços em reportagens. As pessoas sempre elogiam minha profissão “nossa que joia, que legal”, “tem que ter o dom”. E eu acredito que isso é um dom, porque têm pessoas que não conseguem ver uma agulha. Às vezes, ver uma pessoa falecer na sua mão, é complicado, e eu posso trabalhar como socorrista e no resgaste, eu dirijo e atendo”. 

Nas duas funções que atua, Rafael conta que gosta o que faz. “Quando me perguntam se eu gosto de trabalhar aqui eu sempre digo que é muito bom, porque eu adoro. A vida é o maior bem que a gente tem, você salvar uma é muito gratificante”.

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