Segunda palestra do projeto tem como tema “Uso de telas e a saúde na infância”

Dra. Larissa Sakane, pediatra nutricionista, falou sobre como o uso de telas pode afetar no desenvolvimento de crianças e adolescentes

Sthefany Brandalise

Na quarta-feira (03), aconteceu a segunda palestra do Projeto Folha na Escola, intitulada “Uso de telas e a saúde na infância”. A Dra. Larissa Sakane, pediatra nutricionista, falou sobre como o uso prolongado e excessivo de telas pode acarretar sérios prejuízos para a saúde e desenvolvimento de crianças e adolescentes.


Embora o acesso à internet e aos recursos digitais possa ser educativo e divertido, é crucial reconhecer os limites e os possíveis impactos negativos dessa exposição constante. “A tecnologia está em todo lugar. Mas para as crianças que estão em desenvolvimento, o uso prolongado e contínuo das telas pode trazer prejuízos. A tecnologia pode mudar os hábitos da criança, da família, na escola, nos aprendizados.

Quanto mais tempo a criança passa na tela, no celular, no tablet, videogames, e televisão, esse uso contínuo e prolongado pode trazer muito prejuízo, principalmente, na parte de desenvolvimento infantil, tanto neurológico, psicológico e a parte motora”, comenta Larissa.


O uso prolongado de telas na infância pode afetar diversos aspectos do desenvolvimento infantil, prejudicando habilidades cognitivas, como atenção e memória, explica a Dra. Larissa. “Vemos que muitas crianças estão com atraso na linguagem. A criança aprende muito por imitação e interação. A criança fala alguma coisa que ouviu o adulto falar, aí o adulto repete e a criança repete de novo. E nesse jogo que a criança começa a interagir, a ter necessidade de se comunicar e de falar. E o uso das telas trazem esse atraso, a falta de concentração e irritabilidade”.

O uso excessivo de telas também pode dificultar a interação social, levando a dificuldades de comunicação. “Essa parte emocional, o comportamento, a rotina, muda com o excesso de telas. As crianças acabam ficando nos jogos até tarde da noite e dormindo menos. Têm mais dificuldades na escola, para a concentração, de aprendizado. As crianças estão com dificuldades também de interação social, porque eles ficam muito tempo nas telas e perdem essa noção do convívio social, convívio com os amigos. Também têm dificuldade de se comunicar, de receber ordens”, diz Sakane.


“Fora que a criança também pode ter problemas relacionados à postura. Quando a gente está com alguma tela a gente fica sempre na mesma posição. Então a criança pode ter uma lesão de esforço repetitivo, o que pode dificultar até para folhear um livro”, explica a Dra.


Outra questão importante são os tipos de conteúdo que as crianças consomem na internet. “O ideal é evitar jogos de violência, pois eles podem ocasionar problemas futuros. Bloquear sites que falam de violência, suicídio, drogas, sexualidade e deixar outros sites próprios para a idade é uma ótima opção”, diz Larissa.


NUTRIÇÃO
Em relação à parte nutricional das crianças, a Dra. Larissa explica que o ideal é deixar as telas longe das refeições. “O hábito nutricional da criança vai modificando. Uma criança quando está distraída na hora de se alimentar vai comendo no automático, ou às vezes não quer comer. E isso estimula a obesidade e a falta de apetite, porque a criança não está interessada em se alimentar e tem essa alteração do paladar”.


COMO TIRAR AS TELAS?
Incentivar atividades ao ar livre, brincadeiras, leitura de livros e interações sociais são ideias para diversificar as experiências da criança e reduzir o tempo dedicado às telas. “Você não precisa tirar as telas de repente, mas tentar fazer atividades para substituir essas telas. Ir ao parque, jogar um jogo, dar atenção para a criança. Então diminua uma hora da tela, e essa uma hora você vai ficar mais com a criança, fazer brincadeiras, ler, cantar uma música, entre outros. Muitas vezes a gente quer diminuir o tempo de tela da criança sendo que quando a gente está com a criança está com o celular do lado. A gente não pode prestar atenção só na criança, mas nas nossas atitudes. Se a gente fica na frente das telas, as crianças vão querer ficar também”, comenta Sakane.


AS TELAS E O AUTISMO
Para crianças com autismo, que têm necessidades específicas de desenvolvimento e de comunicação, é ainda mais importante limitar o tempo de tela e priorizar interações. “As crianças autistas têm uma necessidade maior de intenção para a parte de desenvolvimento da linguagem, do comportamento e da parte social, e não é bom eles ficarem muito tempo nas telas. As crianças autistas precisam de muita atenção. A gente sabe que não é fácil para as famílias atípicas, mas é necessário focar nessa parte do desenvolvimento deles. Não adianta fazer uma variedade de terapias se em casa eles ficam só na tela. Então o melhor é tentar tirar, pelo menos um pouco”, afirma Larissa.

PAPEL DA ESCOLA
A Dra. Larissa explica que na escola os professores podem orientar as crianças e adolescentes sobre o tempo de telas e os conteúdos que podem ou não serem consumidos. “Primeiro devemos informar as crianças de todas as possibilidades que podem acontecer quando elas estão na internet e mostrar alguns sites e programas próprios para cada faixa etária. Em um segundo momento, procurar fazer palestras e orientar os pais, para saberem quais são esses prejuízos, afinal muitas vezes os pais dão a tela para a criança achando que ela é inteligente porque já sabe mexer no celular. E eles não sabem o que está por trás e odos os prejuízos que as crianças estão correndo”.


A equipe do Folha na Escola agradece a participação da palestrante e também de todos os telespectadores. Não deixem de acompanhar as próximas edições, onde vamos trazer mais novidades e novas palestras!


Para assistir a palestra, basta acessar o Facebook da Folha de Irati ou escanear o QRcode:

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