O que causa a otite crônica?

Dr. Bruno L. Alencar
Otorrinolaringologista
CRM 18299 RQE 13511

As infecções de ouvido são uma queixa comum, costumam ocasionar dores e incômodos na região da orelha, mas tendem a desaparecer rapidamente após o tratamento medicamentoso adequado que, geralmente, é feito à base de anti-inflamatórios e antibióticos. Por outro lado, a otite crônica não desaparece sozinha e merece uma atenção especial para evitar perda auditiva e outras complicações à saúde do paciente.


O que é otite crônica?


A otite crônica – ou otite médica crônica – é um processo inflamatório da mucosa da orelha média que acomete desde a membrana timpânica até cavidades anexas à tuba auditiva e possui duração maior ou igual a três meses.
A grande diferença entre o quadro agudo e crônico é justamente o período de duração da doença. Como a otite crônica possui maior duração, o quadro da doença tende a ser mais persistente e destrutivo, causando uma série de complicações anatômicas e funcionais caso não seja tratada adequadamente.


Quais são as causas?

A principal causa da otite crônica é a evolução de um quadro de otite média aguda não tratada. Embora seja a causa mais comum do problema, existem outras causas menos frequentes que também podem dar origem à otite crônica. Dentre as principais, estão:
• Perfuração do tímpano de longa data;
• Disfunção da tuba auditiva;
• Traumatismo mecânico;
• Queimaduras térmicas ou químicas.
Além disso, algumas condições podem agravar o quadro da otite crônica e aumentar os riscos de complicações. Nesses casos, os principais fatores de risco para o agravamento da doença são:
• Resfriado;
• Infecção de garganta ou nariz;
• Entrada de água na orelha média.


Sintomas da otite crônica

Diferente da otite média, que pode causar forte dor na região do ouvido, pacientes que sofrem com otite crônica não costumam apresentar este sintoma. Geralmente, os sinais da doença se manifestam com perda auditiva condutiva e otorréia. Em alguns casos, pode haver, ainda, a presença de secreção com pus no interior do ouvido.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é obtido após uma avaliação clínica com um médico otorrinolaringologista. Quando há suspeita de colesteatoma – um tumor benigno que afeta o ouvido médio – o médico responsável pode solicitar alguns exames complementares, como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética.
Inicialmente, o tratamento é realizado a base de antibióticos com aplicação direta de gotas no ouvido e/ou antibióticos por via oral. Se o paciente apresentar perfuração de tímpano,é necessário realizar um procedimento cirúrgico denominado timpanoplastia.
A timpanoplastia é realizada com o objetivo de reconstruir o tímpano e a cadeia ossicular danificada. Durante a operação, é feita uma pequena incisão no canal auditivo para permitir o acesso ao ouvido médio. Em seguida, com a ajuda de um microscópio cirúrgico, o cirurgião corrige a cadeia ossicular e fecha a perfuração timpânica. A cirurgia pode ser realizada sem a necessidade de corte externo, através da técnica endoscópica.
É importante lembrar que o paciente deve evitar a entrada de água no ouvido até que a perfuração seja corrigida.


Quais as complicações da otite crônica?


A principal complicação é a formação de um colesteatoma, que, geralmente, surge no ouvido médio após a otite crônica. Embora seja de caráter benigno, o tumor pode danificar as estruturas do ouvido médio e causar perda auditiva permanente e outras sequelas graves, como: paralisia facial, meningite, trombose do seio sigmóide, labirintite, abscesso intracraniano, entre outras.
Portanto, caso haja a presença de colesteatoma, é necessário realizar uma cirurgia para removê-lo, uma vez que o tumor continuará crescendo lentamente se não for retirado.

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