Síndrome do Respirador Oral, entenda as causas e qual o tratamento

dr. bruno l. alencar
otorrinolaringologista
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A síndrome do respirador oral é caracterizada pela respiração total ou parcial pela boca. Suas causas mais frequentes são a rinitealérgica e o aumento no tamanho das amígdalas e/ou de adenoide. Essas condições atrapalham a passagem do ar pelo nariz e pelas vias aéreas superiores, fazendo com que a criança respire pela boca.
As manifestações mais frequentes são:
• Dormir com boca aberta;
• Roncos;
• Saliva no travesseiro;
• Dificuldade para dormir ou sono agitado;
• Irritabilidade e sonolência durante o dia.
O prejuízo do sono pode interferir no rendimento escolar, no desenvolvimento e no comportamento da criança. A longo prazo, a respiração bucal pode trazer uma série de consequências, como alterações faciais e bucais, até mesmo levando à necessidade de correção com aparelhos ortodônticos.
O diagnóstico é feito por um médico com base nos sintomas e no exame do nariz e da boca. O tratamento tem o objetivo de corrigir o que estiver causando a obstrução do ar e permitir que a respiração volte a ser feita pelo nariz. O diagnóstico e tratamento precoces previnem as alterações faciais, posturais e a baixa qualidade do sono causadas pela respiração oral.
Respirador Bucal: responsabilidade da família e do médico
Dentre as referências para perceber um respirador bucal, destacam-se: lábios afastados (quando sorri expõe a gengiva); engole ar ocasionando uma “barriguinha”, come e respira pela boca, mastiga pouco (se alimenta mal) e não gosta de sólidos; face mais estreita, alongada, céu da boca fica alto e pode haver vários tipos de má oclusão dos dentes; acumula saliva, cuspindo ao falar ou babando à noite; pode trocar alguns fonemas como “te”, “de” e outros.
O segundo passo: por que respirar pela boca?
O segundo passo é consultar um otorrinolaringologista, que buscará estabelecer a causa da respiração bucal. É o otorrinolaringologista que, com seus instrumentos – fotóforo, espéculos nasais, espelhinhos e, mais recentemente, com a fibra óptica, que vai determinar se é o nariz que está tapado ou se a obstrução ocorre na garganta.
Quando o obstáculo à passagem do ar é no nariz, as causas mais frequentes são vegetação adenoide, rinite e desvio do septo nasal. A vegetação adenoide, também conhecida popularmente como carne esponjosa da criança, é o aumento exagerado de uma amígdala que existe em todas as crianças e que fica logo atrás da cavidade nasal, causando uma respiração bucal e ruidosa: o tratamento é cirúrgico.
O desvio de septo nasal, estrutura que divide o nariz em cavidade nasal direita e esquerda, pode ser de origem traumática (pancada, bolada) ou por crescer torto. Desvios leves são comuns, principalmente na raça branca, mas desvios severos ou em áreas estreitas do nariz, podem causar obstrução nasal e respiração bucal, necessitando de tratamento cirúrgico – a septoplastia.
Ao nível da garganta, a causa mais comum de obstáculo à passagem do ar, principalmente em crianças, é o aumento, irredutível das amígdalas palatinas, que às vezes chegam a se tocar no meio da garganta. Estes pacientes, além de respirarem pela boca, costumam roncar quando dormem e podem apresentar até apneia – parada da respiração por 10 a 30 segundos. O tratamento é cirúrgico.
Porém, em várias ocasiões, o exame otorrinolaringológico não acusa nenhum obstáculo à passagem do ar e se o paciente é solicitado a respirar voluntariamente pelo nariz, ele o fará, porém logo que se distrair voltará a respirar pela boca. É o caso do respirador bucal por hábito. Por exemplo, o paciente que tinha um desvio do septo prejudicando a respiração, operou, ficou livre, mas acostumou a respirar pelo nariz; o tratamento neste caso é a fonoterapia.
O exame otorrinolaringológico é imprescindível, pois até um tumor nasal ou de faringe pode ser a causa da respiração bucal.

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