Paixão pela pipoca transforma a vida de pai e filho em Irati

Jaqueline Lopes

Uma paixão que começou há anos transformou a vida de pai e filho em Irati. Jean Stec e Rogério Stec, conhecido como Lico, encontram uma forma de usar o que gostam de fazer em uma fonte de renda e unir ainda mais os dois, a pipoca. Ambos vendem o produto no Parque Aquático e são destaque pelo trabalho que realizam.
Mas esta história começou muito antes, com o avô de Jean e ex-sogro de Lico, Luís Lopes Martins (in memorian), conhecido como Luís pipoqueiro. Ele foi o pioneiro na família e vendia a mercadoria no Parque Aquático, local principal onde, hoje, pai e filho comercializam a pipoca. Esta é uma paixão que passou de geração em geração, e já está na terceira fase.
Atualmente, pai e filho vivem exclusivamente da venda de pipocas. Eles têm uma parceria e trabalham juntos. Além do carrinho que fica próximo ao letreiro “Eu amo Irati”, eles têm uma Kombi, em que Lico trabalha no fim de semana perto dos banheiros do Parque Aquático.
Pai e filho sempre foram muito ligados, além da pipoca, também são apaixonados por futebol, sempre assistem aos jogos juntos, e Jean gosta da gastronomia o que o ajudou a entrar no ramo. Foi a partir dessa parceria, com conselhos dos dois lados, trabalhando unidos que conseguiram expandir o negócio.
Lico acredita que passou essa paixão pela pipoca para o filho, e agora deixa um legado. Jean também concorda com essa influencia e busca sempre novas ideias. Ele conta que o pai sempre o apoiou e acreditou nas ideias que teve. “É muito gratificante, agradeço a Deus por ele seguir esses passos, e estar junto comigo e, se Deus quiser, vamos expandir mais e vamos nos dar muito bem”, comenta Lico.
INÍCIO
Lico trabalhava em uma gráfica, e por causa do ex-sogro, em 1995, começou a vender pipoca nos fins de semana com o carrinho que ganhou de Luis. Ele ia aos jogos e eventos, de repente, já era conhecido como Lico Pipoqueiro. Mas em 2002 a vida dele mudou. Rogério saiu da gráfica decidiu fazer uma sociedade, porém não deu certo, e a partir dali trabalhou apenas com a pipoca.
Desde então a renda e o sustento da família vem deste produto. “Eu percebi que com a pipoca dava pra se sustentar, manter, não precisava cumprir horário. Tinha os jogos durante a semana, ia lá e vendia e foi neste ritmo que continuei e não quis mais um emprego fixo, mas trabalho de segunda a segunda”, observa Lico.
O negócio sempre foi de família, por isso, Lico e a ex-esposa sempre levavam o filho Jean. O pipoqueiro conta que, como não tinham com quem deixar a criança, levavam junto, às vezes, quando o filho domia colocavam ele no carrinho de pipoca, faziam uma cama para ficar mais confortável, sempre olhando e atendendo aos clientes. Mas Jean sempre esteve junto do pai.
Lico já teve vários carrinhos de pipoca, um azul, amarelo e vermelho,com a logo “Lico Pipocas”, entre ouros. Agora, ele usa uma Kombi preta, que Jean tentou resgatar a memória do avô, que tinham o mesmo veículo na cor azul e ficava no parque.
O pipoqueiro ficou muito conhecido nos jogos do Iraty Sporte Club, que vivia uma das melhores fases quando começou no ramo. Apesar da baixa do time, ele continuou vendendo em campeonatos de Varzeano, no Ginásio, competições da Prefeitura e no Parque Aquático, que começou a ter mais movimento depois da nova estrutura, o que proporcionou para que eles fossem todos os dias comercializar a pipoca.
FILHO ENTRA NO NEGÓCIO
Por coincidência, Lico começou a trabalhar com a pipoca no mesmo ano que o filho nasceu, e já está no ramo há 27 anos. Já Jean começou efetivamente há seis anos, mas desde pequeno está envolvido no negócio da família, assim como o pai, largou um emprego fixo para vender pipoca.
“Com certeza comecei neste ramo por pura influencia do meu pai, não tem como negar. Mudamos algumas coisas, da minha forma. E eu gosto de cozinhar, então, a pipoca entrou junto”, observa o filho. Quando Jean começou, ele tinha o carrinho dele, pai e filho eram concorrentes, mas do bem, cada um tinha a sua clientela, e sempre se ajudaram para construir um legado. “Sempre ouvi o pessoal falar ‘o Lico pipoqueiro’ e esse nome, para mim, era legal porque era reconhecido pelo que faz, pela pipoca”, conta. “Agora, ainda está devagar e o pessoal já fala ‘o Jean da pipoca, Jean filho do Lico pipoqueiro’, consequentemente, conhece também. Quero construir um nome. E meu pai é a minha inspiração”.
PANDEMIA
Foi na pandemia da Covid-19, cerca de dois anos atrás, que pai e filho decidiam abrir uma sociedade e expandir os negócios. Os dois tiveram a ideia de vender apenas para entrega em frente a casa. Desta forma, conseguiram se manter neste período. “Eu já tinha a minha clientela, ele a dele, e isso só ajudou. Sempre tivemos essa união, mas na pandemia ficamos ainda mais próximos”, comenta Jean.
Mas o que estava indo bem acabou mudando a família. Lico foi infectado com o coronavírus e ficou internado. Isso aconteceu no momento em que ocorreram muitas mortes em Irati. E uma imagem de Jean rezando em frente à UPA, à noite, pela saúde do pai, viralizou na internet. O filho não sabe explicar porque fez aquilo, apenas sentiu que precisava. “Estava sem rumo, fui para casa pegar uma camiseta de time de futebol, porque gostamos muito, para tentar, de alguma forma, mandar uma boa energia. Na hora peguei também uma vela, fiquei no meu canto, ascendi e rezei. Acabou que alguém registrou a imagem, mas foi o que eu achava que ia resolver, e resolveu. Graças a Deus deu certo”, conta Jean.
Lico ficou internado um pouco mais de um mês, e, durante o internamento, Jean decidiu homenagear o pai. Fez um logo com um rosto, inspirado em Lico, com cores do carrinho que ele mais usou, vermelho e amarelo. Rogério só pode ver tudo que aconteceu quando saiu do internamento, e ficou lisonjeado com tudo que o filho fez.
Jean se lembra do carinho dos clientes quando o pai retornou, pois fez um material personalizado com o rosto de Lico, e mesmo cobrando um valor maior, conseguiu vender tudo, a fila dobrava a esquina da casa e muitos passaram pelo local para ver Lico. “Por isso, nós agradecemos todo mundo que nos ajudou”, destaca Jean.
Para Lico, este período foi complicado e mudou a vida. “É difícil recomeçar, nos primeiros meses fiquei com aquilo na cabeça ‘é verdade que estou vivo’. Mas graças a Deus estou aqui firme e forte”, disse. O pai também se lembra do apoio do filho quando saiu do hospital. Jean o visitava todos os dias, vendia a pipoca sozinho até Lico estar 100% para ajudar novamente.

Pai e filho trabalham juntos e têm o mesmo amor pelo que fazem – Foto: Jaqueline Lopes

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