A sensação da perda e a renovação após a chegada do bebê arco-íris

Ser mãe, é ser fonte de amor inesgotável

Esther Kremer

O Dia das Mães é uma ocasião especial, mas para algumas mulheres, essa data pode trazer uma mistura de emoções, especialmente aquelas que passaram por experiências de perda. No entanto, para muitas delas, também se torna um momento de esperança e renovação, marcado pela chegada do tão sonhado “bebê arco-íris”, aquele que vem após a tempestade da perda. Nesta matéria, Michele de Albuquerque Voziniak e Ingrid Carla Langner contam mais sobre esse processo de luto, superação e realização.

Michele conta que o primeiro contato com a maternidade chegou após muitas tentativas e expectativas. “Eu ainda era muito nova e cheia de planos, e entre eles, a maternidade. Foram várias tentativas, muitos testes de gravidez e exames que cada vez era uma frustração diferente, e após focar em cursos e no trabalho, veio a notícia da gravidez. Foi uma alegria na família, tudo planejado”, explica.

Para Ingrid, a maternidade veio cedo, aos 17 anos. “Eu ainda estudava e, por incrível que pareça, não foi acidente. Eu sempre quis ser mãe nova, a Ana não foi planejada, mas foi desejada. Eu sempre quis ser mãe, mas não fazia ideia do que era ser. Não foi nada fácil, mas eu consegui, com a ajuda da minha mãe e da minha avó, e eu não tinha planos de ter mais filhos”, disse.

A PERDA

Ingrid comenta que quando a perda chegou, ela não sabia da gravidez, foi um choque. “Eu não imaginava, não tinha sintomas e segui minha rotina normal. Aí eu comecei a ter um sangramento, mas achei normal porque tinha parado de tomar anticoncepcional. Fiquei dez dias com hemorragia e quando não aguentava mais, eu resolvi contar. Estávamos em um evento no dia, fui para o hospital e recebi a pior notícia do mundo. Lembro bem, era 2h da madrugada, o hospital silencioso e eu não parava de me culpar, mas eu não imaginava, só pensava ‘meu Deus, eu matei meu bebê’. Entrei em depressão por causa disso e só consegui sair depois de ouvir da minha filha ‘mamãe, você está chorando porque queria um filho que não é eu né’, ali eu acordei”, comenta.

Michele explica que a perda não é fácil, a culpa é maior do que qualquer coisa no mundo, ainda mais após tantas tentativas. “A perda de um filho é uma ferida que nunca cicatriza é uma dor que não cura com remédio é um vazio sem fim. Seguir a vida é como se você sentisse culpa e parecer feliz, dar risada, sair com amigos e ter ‘esquecido o que aconteceu’, além da tristeza, da saudade, vem a culpa por ‘seguir’, é isso. Ainda dói, ainda tem data, ainda tem os “porquês”, mas que mesmo doendo a gente segue, porque aprende conviver com isso. A turbulência me fez ficar fria e resistente ao olhar materno”.

A CHEGADA DO BEBÊ ARCO-ÍRIS

A chegada do bebê arco-íris é um momento de luz e esperança e Michele entendeu isso após a segunda gravidez. “Engravidar de novo tem muitas dúvidas e questionamentos, medos e inseguranças. No dia 14/04/2010 eu resolvi fazer um exame beta e constatei a gravidez. Foi uma alegria, mas o mais gritante era o medo, sem dúvidas, e, ali, nos apegamos as orações e claro muito cuidado, muito repouso e foi tudo planejado. Tivemos dias difíceis, princípio de aborto até os três meses de gestação, descolamento de placenta, anemia e hipotensão, porém com o parto deu tudo certo, a hora chegou e ele veio ao mundo sem nenhuma intercorrência”, explica.

O bebê arco-íris de Ingrid também chegou, mas até essa chegada, ela já tinha decido não ter mais filhos. “Eu não queria mais filhos, só quem passou entende, mas Deus sabe de tudo e após um tempo eu fiz o exame, estava lá o positivo. Deus tinha mandado meu bebê arco-íris. Foi uma gestação turbulenta, na pandemia, tive várias complicações e fiquei rezando pra Deus não me tirar ele, eu não ia suportar. Mas deu tudo certo e meu filho veio na hora certa, iluminando tudo”.

Hoje em dia, ambas as mulheres se sentem realizadas. “O Talles é a resposta que eu precisava. Hoje eu me sinto muito realizada, abençoada, olho meus filhos e sinto orgulho em ser mãe deles, são dois seres iluminados, perfeitos. Não existe amor maior que este. A maternidade salvou a minha vida”, diz Ingrid.

“Hoje eu sou feliz e realizada com o meu menino, ele é a razão de tudo que sou hoje, eu não tenho dúvidas que fiz a melhor escolha de todas, e eu sempre digo que tenho dois filhos um que mora com Deus e um que mora comigo, todas as datas rezamos juntos. Pedro Hanry é o meu melhor amigo e a melhor pessoa que já conheci até hoje! Eu o amo de uma forma inexplicável”, finaliza Michele.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.