Cerca de 500 agricultores participam da 1ª Conferência de Fumicultura de Rio Azul

Jaqueline Lopes

Aconteceu em Rio Azul a 1ª Conferência de Fumicultura, em que mais de 500 produtores participaram de várias cidades do estado para discutir sobre o futuro do tabaco, preço, forma de negociação e os próximos passos para que o produto não perca a importância. O evento reuniu autoridades locais e representantes de deputados estaduais e federais.
Após os discursos, os produtores tiveram palestras com equipe da FAEP, que comentou sobre as negociações, da Copel sobre as quedas de energia, e Afubra sobre a cultura do tabaco entre outros assuntos. A principal reivindicação dos fumicultores é na negociação do tabaco.
O grande número de produtores que participaram do evento chamou a atenção, pois mostrou a união dos agricultores para solucionar os problemas que eles têm. De acordo com o prefeito Leandro Jasinski, a Prefeitura defende o produtor e era uma promessa de campanha promover esses eventos, pois a fumicultura movimenta a economia de Rio Azul. São mais de 2.500 famílias que trabalham com o tabaco. O município é o segundo maior produtor do Paraná.

Prefeito Leandro Jasinski discursou no evento e mostrou apoio aos agricultores – Foto: Nilton Pabis

“Temos uma grande obrigação de defender e a promoção dessa conferência é muito importante. Reunimos representantes de vários deputados, prefeitos da região, da Afubra, representantes de algumas empresas, da Copel, para discutir, junto com o agricultor, o que pode ser melhorado para chegar a um entendimento comum, porque o nosso produtor sofre muito. Não é fácil plantar fumo e na hora que mais precisa, que é quando vai vender, não tem o valor merecido. É para chegar nesses entendimentos que pensamos nessa conferência”, explica Jasinski.
O evento contou com a participação do fumicultor e criador de conteúdo, Giovane Luiz Weber, do Rio Grande do Sul, ele tem voz ativa na internet sobre o tabaco e tem mais de 300 mil seguidores no Facebook, com a página “Fumicultores do Brasil”, em que destaca a vida no campo de forma informativa aos agricultores e com bom humor. Para ele, a conferência foi importante para mostrar a força da classe e a discussão com os políticos pode trazer efeitos satisfatórios. “O fumicultor não tem por onde começar, não tem essa oportunidade, mas o evento foi importante para a nossa profissão”, destaca Weber.
O vereador e também fumicultor, Felipe Cheremeta, discursou no evento e comenta que a Conferência deve gerar resultados positivos. “Acredito que o evento foi em grande proporção. Isso demonstra a união, a preocupação dos produtores com tudo que está acontecendo, As empresas que não se fizeram presentes aqui, ela terão que passar a olhar esses eventos com outros olhos”, disse. Cheremeta ainda comenta que o custo de produção aumentou e já existe uma diminuição na área plantada, além disso, os jovens não querem mais ficar no campo, e isso precisa ser levado em conta. “Sem fumicultores não vai haver empresas, não terá o que comprar”.
Produtores de todas os municípios da região estiveram presentes, e de cidades próximas como São João do Triunfo, o maior produtor de tabaco do Paraná, Lapa, Palmeira, União da Vitória, Paranaguá, Ponta Grossa, e Irinópolis de Santa Catarina e Santa Cruz, do Rio Grande do Sul.

NEGOCIAÇÃO DO TABACO
A principal reivindicação dos fumicultores é na negociação do tabaco. Em Rio Azul, os agricultores esperam por dois anos resoluções com a fumicultura. O produtor do município, José Natal, comenta que o fumicultor precisa ter voz ativa na negociação, pois não estão satisfeitos com o preço pago pelas empresas e não conseguem negociar. “Era preciso essa conferência para mostrar a nossa união. O produtor está desacorçoado com que está acontecendo com a fumicultura”.
Mesaque Kecot Veres, da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), foi um dos palestrantes da conferência e diz que a situação hoje é desequilibrada, pois nos últimos cinco anos os resultados são precários. Apenas 4% dos preços foram de acordo entre representações dos produtores e empresas. O restante, mais de 95,5%, são valores estabelecidos pelas empresas. Por isso, é preciso haver essa discussão nas negociações. “Uma conferência como essa traz uma luz. Muitos agricultores querendo participar, saber como está isso e, mais uma vez, chamamos a sensibilidade das empresas, todas têm esse discurso de responsabilidade social, é muito importante que esse discurso se transforme em realidade”, comenta.

FALTA DE ENERGIA
Os produtores de fumo têm reclamado da queda de energia em Rio Azul no momento em que acontecesse a secagem do fumo, que é crucial para o fumicultor, pois pode haver prejuízo na produção.
Na Conferência, foi convidado o gerente Regional da Copel de Irati, Giovani de Souza, para conversar com os agricultores. Ele explica que vários fatores podem causar a falta de energia, desde um temporal, que pode ser um agravante, ou árvores tocando na rede. E para o período de safra, de novembro até março, há o aumento de efetivo, com mais equipes de plantão. Além disso, a Copel tem feito investimento na região com a colocação de equipamentos automatizados, que são operados por uma central de Curitiba, em que não há necessidade de uma equipe ir até o local.
“São essas melhoras na rede: automação, aperfeiçoamento que vem trazer a melhor qualidade para o fornecimento de energia, diminuindo o tempo de espera. Nós nos colocamos a disposição dos fumicultores”, observa Souza.

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