Conheça a história do Major Fidêncio Lemos do Prado, herói na Guerra do Paraguai

Fidêncio firmou residência em Imbituva após o término da guerra

Sthefany Brandalise

Em meio às páginas da história local de Imbituva, um nome se destaca como símbolo de bravura e devoção: Major Fidêncio Lemos do Prado. Sua história, marcada pela participação na Guerra do Paraguai e por sua residência na região até seu falecimento, é um testemunho de coragem e serviço à comunidade. Neste relato, exploraremos os feitos e legado desse notável personagem, cuja vida ecoa como um tributo à bravura e ao compromisso com a pátria.


Para isso, a Folha de Irati conversou com a historiadora Cleusi T. Bobato Stadler, com Silvana Prado, bisneta do Major e com Otoniel Scheidt, diretor da loja Maçônica Estrela do Imbituva.


GUERRA DO PARAGUAI
Fidêncio Lemos do Prado, no dia 21/01/1865, apresenta-se voluntariamente para lutar na Guerra do Paraguai. Curitibano de nascimento, com apenas 21 anos de idade, recebe como treinamento militar e é incorporado ao 27º Corpo de Voluntários da Pátria, na 4ª Companhia, já como alferes (subtenente). Participou de diversas batalhas, mas foi na de Tuiuty que foi ferido a golpes de facão na cabeça e dado como morto, permanecendo em hospital de campanha durante 24 dias. Recuperou-se e voltou a combater, porém foi ferido mais três vezes.


A BANDEIRA
Após todas as batalhas da guerra do Paraguai, Solano Lopes, ex-presidente e ditador do Paraguai, se esconde nas montanhas, fugindo do exército brasileiro. Foi então que Fidêncio e alguns amigos dirigiram-se ao interior de seu palácio, que estava abandonado para ver o que encontravam. Fidêncio seguiu em direção ao último andar e entrou em um gabinete, que era o escritório do governante paraguaio, ali encontrou a bandeira brasileira que fora retirada de um navio que tinha sido aprisionado pelos paraguaios. “Fidêncio foi até a sala de Solano Lopes e viu a Bandeira do Império brasileiro sendo usada como tapete pelo próprio Solano Lopes. Então ele pega a Bandeira guarda na sua mochila”, comenta Cleusi T. Bobato Stadler, historiadora.


Durante sua vida, sempre no dia 25 de janeiro, aniversário da conquista de Assunção, até sua morte em 24 de agosto de 1927 aos 83 anos de idade, Fidêncio ia até o Museu Nacional para reverenciar essa bandeira do Império. “Todos os anos, no dia 07 de abril, na comemoração da Independência do Brasil, ele fazia reverências à Bandeira do Império, cantava o hino nacional e fazia todas as honras. No Centenário do da Independência do Brasil, ele foi convidado, para levar essa Bandeira para o Rio de Janeiro e deixa-la no Museu Imperial”, disse Cleusi.


Após o término da Guerra do Paraguai, Fidêncio recebeu honrarias e medalhas, entre elas Medalha de Bronze do Brasil, Medalha de Prata da Argentina e Medalha de Ferro do Uruguai. Em 1989, em reconhecimento por sua bravura na guerra, sua memória foi homenageada em Curitiba, sua terra natal, com a inauguração de uma praça pública com seu nome. “Essa história ficou escondida a durante muitos anos. É um morador da nossa cidade, alguém que se destacou na história nacional, eu precisava contar essa história” finaliza Cleusi.


IMBITUVA
Após o final da guerra, Fidêncio veio residir em Imbituva, na localidade de São Miguel, casando-se com D. Mariana Gaspar, com quem deixou inúmeros descendentes. “Aqui morava Joaquim Gaspar, meu tataravô, é ele casou com a minha tataravó, que era uma índia. E eles tinham muitos filhos, uma delas era a minha bisavó, por quem Fidêncio se apaixonou em uma das suas passagens pela cidade. Então ele resolveu vim mais vezes e acabou aquele que eles casaram”, explica Silva Prado, bisneta do Major.


Major Fidêncio faleceu em 24 de agosto de 1927, aos 83 anos de idade, e foi enterrado no cemitério São Miguel, próximo a localidade de Apiaba. Lá está o seu túmulo e o único reconhecimento que nós temos do Major. “Sempre escutei meu pai falando sobre essa história, e é uma história de vida, de luta e heroísmo muito grande. Sempre teve muito amor envolvido nisso. Hoje em dia as pessoas não têm mais esse amor, esse cuidado com nosso país. E ele foi um corajoso guerreiro, um homem de muita fibra, de muita garra, tenho muito orgulho”, diz Silvana.


“Meu medo é que quando a minha geração passar, talvez essa história se perca, pois é uma história pouco conhecida. Eu acho que a história dele é mais divulgada e conhecida em outros lugares. É uma história bem bonita e se a gente não preservar, vai se perder. Não foi uma novela, não foi um filme, foi real”, finaliza Silvana.


LOJA MAÇÔNICA
Major Fidêncio iniciou na Loja Maçônica Estrela do Imbituva em 22 de maio de 1912, tendo em várias oportunidades recebido elogios e citações em atas por seu caráter, comportamento exemplar e dedicação à causa maçônica e à comunidade imbituvense. A Loja criou a “Comenda Fidêncio Lemos do Prado” para concedê-la a personalidades e entidades de natureza filantrópicas, beneficentes, de assistência social e comunitária de Imbituva, que eram reconhecidas pelas suas ações de cidadania e participação ativa na sociedade e na constante luta pelo desenvolvimento, inclusão e promoção social. “Ele sempre foi um valoroso irmão e sempre colaborou com tudo, inclusive com a reforma. É uma honra ter a espada dele aqui, como uma homenagem por tudo que ele já fez. Muitos não conhecem a história dele, mas é algo que precisa ser resgato e fortalecido”, comenta Otoniel Scheidt, diretor da loja Maçônica Estrela de Imbituva.


Após seu falecimento, a família doou à Loja sua espada de oficial, mantida até hoje como uma lembrança do exemplar e heroico irmão.


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