Crise tem maior impacto em pequenos negócios

Em meio à crise, o empreendedor com mais idade foi o mais afetado entre os donos de pequenos negócios no Brasil. Pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) ouviu 10.384 empresários do setor, entre 30 de abril e 5 de maio, e mostrou que, entre os entrevistados com 56 anos ou mais, 51% fecharam seus negócios temporariamente, enquanto 45% dos empresários de até 35 anos optaram pela mudança de rumos do segmento em que atuam. Em todas as faixas etárias houve queda do faturamento devido às medidas de isolamento social.

Mas algumas atitudes podem ajudar o empresário durante a crise, como buscar novos canais de vendas, principalmente no meio digital, facilitando o acesso aos produtos ou serviços que são oferecidos.

De acordo com a pesquisa “O impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios”, os empreendedores sêniores, com 56 anos ou mais, amargaram mais prejuízos, uma vez que para 46% deles seus negócios funcionavam somente com a presença do empresário. Por outro lado, 35% dos empreendedores com até 35 anos passaram a utilizar ferramentas digitais, tendência que se estendeu em diversos setores nos pequenos negócios, principalmente nesse período da crise.

A internet tem sido o caminho percorrido pelos empresários jovens para manter o negócio ativo. A pesquisa mostrou que esse perfil optou pelas vendas online, principalmente pelas redes sociais. Isso também pode ser observado na região. No levantamento realizado em Irati pela Aciai, 97% das empresas locais afirmaram utilizar ferramentas como Facebook, WhatsApp e Instagram para atrair clientes.

O presidente do Sebrae, Carlos Melles, reforça a importância do levantamento, uma vez que a instituição, o governo e as entidades setoriais podem atuar diretamente nos gargalos apontados, sobretudo relacionados aos perfis selecionados. “A cada novo estudo direcionamos melhor os esforços do Sebrae para apoiar todos os pequenos negócios do país”. Melles ainda elogia o otimismo dos empreendedores, uma vez que, questionados sobre quanto tempo deve demorar para a economia voltar ao normal, as respostas foram de 10 a 11 meses.

ACESSO AO CRÉDITO

Considerando os perfis entrevistados na pesquisa do Sebrae e FGV, o público mais velho, a partir dos 56 anos, é o que mais costuma buscar empréstimos (63% do total) e também os que mais conseguem acesso ao crédito (49%). Já os jovens se recusam a procurar crédito, principalmente por terem mais dificuldade pela falta de garantia e avalista.

Empréstimos sem juros seria a medida mais demandada ao governo, em todas as faixas etárias.

De acordo com outro levantamento do Sebrae, atualizado em 22 de maio, 149 linhas de crédito estavam disponíveis para as micro e pequenas empresas em instituições bancárias, privadas e em cooperativas em todo o país.

O impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios

– Entre os donos de pequenos negócios mais velhos, há uma proporção mais alta dos que fecharam temporariamente (51%);

– Entre os mais novos, há uma proporção mais alta dos que mudaram mais o funcionamento (45%);

– Os mais velhos tiveram mais negócios que não conseguem funcionar, pois só funcionam presencialmente (46%);

– Os mais novos passaram a utilizar mais ferramentas digitais (35%);

– Todas as faixas etárias tiveram diminuição de faturamento, mas a queda foi maior entre os mais velhos (-71%);

– Onde houve aumento de faturamento, foi maior entre os mais novos (+40%);

– Os mais novos têm 3,3 empregados, em média. Os mais velhos 3,7, em média;

– Os mais velhos conhecem mais a medida governamental de redução de jornada e salários, mas foram os mais novos que mais utilizaram a redução de jornada e salário;

– Em geral, os mais velhos são os que mais costumam buscar e mais conseguem empréstimo bancário;

– Os mais novos precisam 21% a menos para manter o negócio sem fechar (R$ 11,6 mil contra R$ 14,6 mil entre os com 56 anos ou mais).

Sebrae/FGV

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