Julio Michinski

Luiza Nelma Fillus

Júlio Michinski nasceu em Rio Claro (Mallet- PR) em 20 de outubro de 1909. Era filho de José e Josefa Michinski, casou-se em Irati, em 20 de janeiro de 1934, com Ida Dikoviski, nascida em 28 de maio de 1916, em Irati, filha de João e Maria Dikoviski, sendo testemunhas o senhor João Wasilewski e Estácio Sokolovski. O pai da noiva, João Dikoviski foi um dos primeiros ferreiros de Irati.
De seu casamento teve três filhas: Nini, casada com Eduardo Vink, Wilma, casada com Ateneu Holzman e Maria, casada com Osmair Jorge Carlini.
Segundo depoimento de sua filha Wilma, seu pai transferiu-se para Irati, aos 12 anos de idade veio para aprender um ofício, ganhar seu sustento e ainda ajudar sua família, pais e irmãs, que ficaram em sua terra natal.
Inicialmente, foi trabalhar na Padaria Irati, de propriedade do senhor João Wasilewski, onde permaneceu por cerca de 14 anos e aprendeu o ofício com esmero e dedicação. Paralelamente continuou seus estudos na Escola Polonesa, que fora fundada em 1922, em Irati. Nesse espaço educativo, seu Julinho aperfeiçoou o idioma, que já falava na infância, mas que lhe deu subsídios gramaticais e literários pra desenvolver a língua polonesa, que falava e escrevia fluentemente.

No livro Irati: Minha Vida, Minha História, do autor Gaspar Valenga encontramos o seguinte relato:
Imediatamente após o matrimônio, apoiado pelo sogro, senhor João, Dikoviski, Julinho começou a construir, no terreno que ficava em frente à residência e o barracão de seu sogro, um magnifico prédio que ocupava toda a quadra entre as Ruas 15 de Julho e a Rua da Liberdade, estabelecendo-se no mesmo ramo de panificadora e confeitaria. p. 32
Seu comércio prosperou, sua esposa Ida, filhas e funcionários sempre estiveram juntos, tendo variedades em seus produtos, que eram apreciados por sua vasta freguesia.
Como era costume nas poucas padarias da época, também a Padaria do Julinho possuía a sua impecável gaiota, (tipo de uma charrete, que continha um baú, atrás do banco, para colocar as mercadorias)nesse caso para as entregas dos pães e outros produtos do gênero, nas casas, bem como para entregas a pequenos comerciantes. O cavalo que puxava a gaiota, tinha no pescoço sininho ou cincerro,para avisar aos moradores que estava passando na rua, dava-lhes o alerta para a compra, logo pela manhãzinha.

Gaiota, de Julio para a entrega de pães a domicílio – Foto: Arquivo Familiar


Seu Julinho como era conhecido, também era requisitado para fazer os bolos de noivas, que eram chamados de bolos colchão de noivas, enfeitados com rosas em suspiros, feitos de glacê, colorindo-as com anilina especial, que vinha da Alemanha. Além de ficar uma obra de arte, pelo capricho e esmero do confeiteiro, ainda era aprovado, sem restrição pelos convivas nos respectivos casamentos.

Entre seus passatempos preferidos, era a pesca de traíras e tinha como companheiros para essas aventuras: Alceu Rosa, Pedro Kopp, Azuil Thomaz e Angelo Luiz Bozza. Ainda com os amigos Otto Smoger, Ariosto Pohl, Lourival Luiz Fornazari e Júlio Wasilewski faziam caçadas, mas como um passatempo, sendo motivo para animadas e conversas e muitos causos e piadas. (Dados retirados do livro 100 anos de Irati de AudreyL.Souza Farah, Chico Guil e Sívio J. Philipi, editado em 2007).
Seu Julinho sempre foi uma pessoa cumpridora de suas tarefas, dedicado ao trabalho, à família, aos amigos, entre os quais o poeta e músico, Silvio Ribeiro, autor dobelíssimo Hino do Cinquentenário de Irati. Silvio e Julinho foram vizinhos de cerca e que em certa ocasião, seu Julinho, preparou-lhe uma brincadeira, e quem tiver interesseem conhecer, está registrado na edição de 05 a 13 de abril de 2007, no Jornal Folha de Irati, a crônica intitulada “O poeta da cidade amada e o roubo do Churrasco”, belíssimo texto escrito por Rodrigo Hilgemberger, que reflete mais uma brincadeira, com bom humor do biografado, como lhe era peculiar. O autor da crônica faz uma menção ao seu Julinho dos seguintes termos:
Julinho Michinski, que Irati aprendeu a admirar como: sêo Julinho. Uma pessoa de tamanha humildade que até o nome era no diminutivo.”
Seu Julinho tinha um humor muito aguçado e que levava seus amigos a rirem de algumas posturas dele. Exemplificamos, comentando que ele era torcedor fanático do Iraty Sport Club. Assistia ao jogo atrás da trave do goleiro adversário, contudo levava seu enorme cachorro que se chamava Fiel. O cachorro era manso, mas a princípio assustava ao goleiro, motivo que seu Julinho se divertia.
Julio Michinski faleceu em 25 de outubro de 1990 e a esposa Ida faleceu em 09 de janeiro de 1978.

Nini M. Vink, Wilma M.Holzman e a menina Maria Cristina Zarpelon – Foto: Arquivo Familiar

Fazemos um agradecimento especial a Nini MichinskiVink, que se prontificou em relatar as memórias de sua família paterna, como também, disponibilizou fotos para que pudéssemos utilizar no presente texto.
Agradecemos ao senhor Nilton Pabis, diretor do jornal Folha de Irati, que gentilmente acolheu o Núcleo da Representação da BRASPOL, em Irati, para a publicação de memórias, acontecidas nesses 150 anos da Imigração Polonesa no Paraná, em especial em Irati, possibilitando o registro de nossa gente com sua história e que muitos leitores têm e terão referências de nossos pioneiros e que se motivem a escrever a respeito de suas famílias.
Muita gratidão a toda equipe do jornal Folha de Irati pela atenção que nos proporcionou em todos os momentos dessa parceria com os descendentes dos poloneses em Irati.

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