Enxurrada de multas no radar da Vila São João gera indignação dos motoristas

Uma mudança na velocidade do radar, situado na Vila São João, no km 336, em Irati, tem gerado várias reclamações por quem utiliza a BR-153. Muitas notificações de autuação e multas foram registradas em pouco tempo que foi feita a alteração pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A principal contestação dos motoristas é a falta de uma sinalização adequada no local.

O número de reclamações chegou à Câmara de Vereadores de Irati que, segundo o vereador José Bodnar, mais de 600 multas foram aplicadas naquele trecho. Há motoristas que têm mais de uma multa no mesmo local. No radar, a velocidade é de 40 km/h, antes era de 60 km/h, e há placas de sinalização dos dois sentidos da via.

O assunto foi tratado por Bodnar na sessão ordinária do Legislativo da terça-feira (22). “Nós recebemos denúncias e reclamações de moradores que estão recebendo cinco, seis e alguns até nove multas. No caso deste último motorista, ele já está com a carteira caçada”, cita o vereador, ainda explicando que, se o condutor passar no trecho a 60 km/hora, recebe suspensão de dois meses da sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) resultando em cerca de R$ 800 de multa.

Bodnar presume que “a intenção do radar é orientar e não arrecadar. Nosso transito de Irati é municipalizado e em nosso código nacional está escrito que, em vivas urbanas, o limite da velocidade é 60 km/hora, e em vias arteriais, que é o caso do trecho da BR 153, admite 50 km/hora”. E, para tornar públicas as reclamações, ele entregou um ofício ao Dnit solicitando que a velocidade limite seja de 50 km/hora para seguir com o Plano Diretor do município.

QUEM ESTÁ RECLAMANDO

Lucas Costa Araújo trabalha em um despachante em Irati e diz que muitas pessoas entraram em contato com o estabelecimento para saber o que pode ser feito. “Começou com vários clientes procurando a gente para tentar saber como proceder com essas multas. Teve gente que tomou uma, duas, até seis. Entre segunda e terça desta semana, muitos procuraram auxílio, recurso, porque já vão ficar com a carteira suspensa. Teve gente que já tomou suspensão por causa dessa multa”, disse.

Uma forma que ele encontrou para ajudar as pessoas foi formar um grupo nas redes sociais, WhatsApp e Facebook, para reunir todos que se sentiram prejudicados com a alteração, que segundo eles, foi sem nenhum aviso à população. “Vamos tentar uma ação coletiva para que todo mundo consiga resolver isso, ou pelo menos, ter uma explicação descente da parte do DNIT, porque foi colocado um radar em dois redutores de velocidade. É claro que não somos contra radar, somos a favor, ainda mais nesse trecho que sabemos que é perigoso, mas a gente precisa de uma sinalização, um aviso prévio”.

Um dos motoristas que faz parte do grupo é Edenilson Voronhuk, ele fala sobre sua indignação da forma como foi instalado o radar. “Por ser uma rodovia federal, uma transbasiliana, é muito baixo o limite de velocidade (40 hm/h), e eu ando por vários lugares nunca vi uma via federal sem sinalização no asfalto, aqui tem somente uma placa grande bem perto do radar. Em Curitiba, na BR-116 são 70 km/h, para Irati é muito pouco. Se não tomar uma providência esse radar vai cassar muita carteira de pai de família que precisa da habilitação”.

João Nilo, que é comerciante e utiliza diariamente o trecho da BR-153, recebeu seis notificações. “Antes, eu passava por este local e a velocidade no radar era de 60 km/hora. Eu não sabia que tinha mudado. E, das três vezes que fui para Engenheiro Gutierrez, recebi autuação na ida e na volta”. Ele disse acha que o Dnit deveria ter divulgado melhor esta mudança.

Quem também passa pela rodovia com frequência é o motorista, Jamil Alves, que recebeu uma notificação e se sentiu lesado. “Eu sempre passo por aqui direto e estava acostumado com o limite de 60 km/hora. Agora, vem a multa que eu passei no local a 50 km/hora com a mudança para 40 km/hora. Nos outros lugares com radar tem mais sinalização e eu nunca levei multa. Isso tinha que melhorar e eu acho um erro ter mudado a velocidade”, reclamou Alves.

O QUE DIZ O DNIT

Durante toda a semana, a nossa reportagem entrou em contato com o DNIT, tanto por telefone como e-mail e, até o fechamento desta edição, a Folha de Irati não havia recebido um retorno da assessoria de comunicação do órgão federal.

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