Preço da soja oscila e especialista orienta parcelar venda do grão

Jaqueline Lopes

O mercado da soja continua muito volátil. Chegando ao fim da colheita do grão no Brasil, as variações nos preços continuam fortes e tiveram elevações no início deste ano. A cotação permanece valorizada mesmo com essa movimentação. Assim, os analistas avaliam este cenário e orientam na venda parcelada do grão.

Desde o final do ano passado até agora, o preço da saca de soja sofreu mudanças. Em Paranaguá, por exemplo, no ano passado, chegou a R$ 215 nos melhores momentos e o menor foi de R$ 172. Este ano, apresentou R$ 211 no mesmo porto. Já em períodos mais baixos avaliou em  R$ 176,50, segundo o doutor em Engenharia de Produção, Eugenio Stefanelo, que também é apresentador do programa Negócios da Terra no SBT, palestrante e especialista em Política Agrícola.  Há um mês, a cotação chegou a R$ 202. Este ano, ao produtor, no mercado, em cidades menores, o preço mais baixo foi de R$ 172 e o mais elevado foi de R$ 209.

REGIÃO 

Na região da Amcespar que a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SEAB) de Irati atende não foi diferente. Desde o começo da safra houve variação no valor da comercialização. Segundo dados da SEAB, em média, no mês de março deste ano, a saca chegou a R$ 195,35, o maior nesta safra. O menor valor ofertado foi de R$ 154,56, em novembro do ano passado. Em alguns dias, foi visto o preço de R$ 209, porém devido a oscilação, foi rápido, e a SEAB faz o acompanhamento diário. 
Os produtores dos nove municípios que fazem parte do núcleo de Irati têm uma estimativa de produção de 685.750 toneladas, porém ainda será estudado devido ao clima seco e as chuvas no início do ano. A colheita na região deve ser encerrada nos próximos dias, e até o momento, 92% já foi colhido, só após a conclusão será possível saber a quantidade final da soja na região da Amcespar.  
O presidente da Aciai, Elias Mansur, explica que toda essa movimentação não vai afetar a economia. Em Irati, por exemplo, 70% da renda vêm da agricultura, e o giro, venda e compra, continua igual, pois o produtor vai utilizar mercado, adquirir novos insumos, equipamentos, entre outros produtos. “O agricultor investe, vende e isso retorna para a cidade, gasta a diferença no comércio. E mesmo com essa quebra de safra não interferiu nas compras. Em Irati, inclusive, conversei com alguns lojistas, e está melhorando as vendas nas últimas semanas”, destaca. 

Esta variação de valores se deve a três fatores principais. Primeiro, a quebra de safra na América do Sul devido ao clima seco. Segundo, do apetite da demanda de soja do outro lado, que continuou elevada, principalmente por parte da China, que é o maior absorvedor da soja mundial. E por último, a taxa de câmbio no Brasil, que, em 2021 e 2022, sofreu uma enorme variação, e chegou a apresentar R$ 5,90 em alguns períodos.

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de soja, seguido dos Estados Unidos (EUA) e depois Argentina.  A cotação da soja é dada pela oferta e demanda mundial, e refletida principalmente na bolsa de Chicago. De acordo com o doutor Stefanelo, na safra passada, o Brasil tinha colhido 140 milhões de toneladas (t), e este ano deve colher em torno de R$ 128 milhões de t, e isso “é uma quebra bastante significativa da safra e, obviamente, elevou as cotações da soja”, disse o especialista. Além disso, os prêmios, que são valores que se pagam a mais ou a menos na cotação internacional dependendo da disponibilidade da soja no momento e principalmente nos portos, no ano passado e neste têm sido positivos. Em Paranaguá, em 2022, o menor valor foi de US$ 0,13  e o maior de US$ 2,5, somado a cotação internacional.

“O que aconselho ao produtor a fazer quando tem muita volatilidade no mercado é: jamais deve vender toda a produção em um momento só, deve escalonar as vendas”. – Eugenio Stefanelo

Mesmo com essa oscilação, os preços foram bons para os produtores de soja, e não houve prejuízo na  venda.  Isso foi sentido pelo produtor de Irati, Cláudio Roginski, que também trabalha com outras culturas. Ele sofreu com o clima nesta safra, mas não teve prejuízos financeiros devido à oscilação de preço. A perca de 30% da soja foi por causa do clima seco, as chuvas e estiagem. Também, o alto preço do diesel e dos insumos, que tiveram aumento considerável neste último ano, interferiu no lucro final, pois aumentou o custo de produção.

“Foi um ano atípico, com chuva no plantio, estiagem, e na colheita novamente chuva, aí veio outra seca. Atrapalhou a cultura da soja, milho e feijão, foi muito ruim. Perdemos por causa da chuva, por falta de colher, muita coisa estragou. Mas o mercado agora está melhorando, o preço está bom, dá para trabalhar bem. Não chegamos a ter prejuízo financeiro, mas o lucro é bem menor, diminui bastante, mas devido a estiagem e alta de custo na produção”, conta Rogisnki.

Quando vender a soja

Quando há esta oscilação no mercado, os analistas orientam o produtor vender de forma escalonada, em lotes, para assim poder ter lucro. Esperar picos mais altos é uma estratégia. “Venda em pequenos lotes tentando compor um preço médio de venda bom”, observa o apresentador.

Foi isso que fez o produtor Cláudio, uma parte da soja foi vendida antes da colheita, por contrato. O restante ainda está colhendo e há um pouco armazenado. “Mesmo a soja tendo dobrado de preço nos últimos dois anos, os custos de produção estão altos, está mais caro. O mercado mostrou reação agora neste momento, então, a gente vai dar uma segurada. O produtor não sabe o momento exato de vender, aí quando começa a baixar se assusta e vende. Não é fácil de lidar com o mercado ”, comenta o produtor de Irati.

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