Centro Cultural Clube do Comércio de Irati celebra 100 anos de história

Esther Kremer

Um patrimônio histórico e cultural de Irati, inaugurado em 1923, o grandioso Centro Cultural Clube do Comércio, completou 100 anos de existência. Com a mesma arquitetura desde a sua construção, o clube permanece sendo um dos epicentros da cultura da cidade. O evento de comemoração reuniu diversos membros da comunidade e autoridades locais para homenagear a longa trajetória do espaço.

A cerimônia foi repleta de homenagens à história do clube, destacando personalidades que desempenharam papéis importantes na sociedade da época. Entre as homenagens, foram entregues flores e medalhas para pessoas que foram importantes na construção da história do clube, assim como para as mulheres que foram debutantes nos luxuosos Bailes de Debutantes, que aconteciam anualmente.

O atual presidente, Vergilio Trevisan, comentou sobre o momento e sobre o futuro do espaço. “Eu vejo, pelas crianças que estudam música e teatro aqui, que não vai ser fácil acabar com o espaço, o Clube vai permanecer vivo por muitos e muitos anos. É uma satisfação muito grande poder ser presidente de um lugar como este”.

Um dos momentos que marcaram a noite foi a homenagem ao Grêmio Flores da Primavera, uma organização de mulheres que durante muitas décadas coordenaram os inúmeros bailes e festividades realizados no clube. A dedicação e esforço dessas mulheres foram lembrados e comentados durante o evento, assim como as debutantes tiveram um mural de destaque no salão.

Foto: Reprodução grupo do Facebook “Era uma vez, em Irati”

Além das homenagens e discursos, o evento também marcou o lançamento de um livro intitulado “A criança adormecida: um tributo à terceira idade” de César Wescher que, em discurso, falou sobre o trabalho feito e a importância do livro. A fala que encerrou a noite, foi do historiador, Lucas Antoszczyszyn, que falou sobre o trabalho de pesquisa que fez, estudando a história do Clube do Comércio, mais especialmente, o Grêmio Flores da Primavera.

A presidente da Associação Cultural Denise Stoklos, Luiza Nelma Fillus, falou sobre a importância que o espaço tem na história de Irati. “Ele é um patrimônio cultural que sempre foi preservado, ele nunca está parado, sempre tem atividades musicais, de teatro, poesia e academias. Está no centro da cidade, lindo, majestoso e é um orgulho ver o quanto este espaço é importante e preservado”.

O historiador e grande personalidade iratiense, Zeca Araújo, comenta que começou a frequentar o Clube em meados de 1948/49 e que a época marcou a sua vida. “Dos 100 anos, pelo menos uns 70 eu estive junto com o Clube, participando dos bailes, dos carnavais, dancei muito e os Bailes de Debutantes eram os mais charmosos do Paraná, já presenciei orquestras internacionais e era um charme. Nos bailes, com as debutantes, nós ficávamos na porta, fazendo sinais para elas, para pedir permissão para dançar, pois se chegássemos nelas e elas não aceitassem, tínhamos que ir embora até, pois era vergonhoso, isso era chamado de ‘dar tábua’. Era uma sociedade diferente, o Clube era completo, charmoso demais e abrigou os iratienses em diversas épocas”.

Foto: Reprodução grupo do Facebook “Era uma vez, em Irati”

O ex-presidente do clube, na década de 80, e fundador do Jornal Folha de Irati, Ravilson Chemin, falou sobre os 100 anos do espaço. “O Clube trouxe muitas alegrias, eu já fui presidente de diversos clubes e o Comércio foi o que mais me trouxe alegria. A parte física está excelente, nem parece que tem 100 anos e é um espaço que orgulha a nossa comunidade”.

A prefeita em exercício, Ieda Waydzik, comenta que não apenas presenciou os bailes, mas que já foi uma das debutantes. “No ano de 1972/73 eu fui debutante e foi um baile muito emocionante, com as meninas vestindo roupas muito elegantes, vestidos enormes, era uma festa maravilhosa. A nossa memória precisa ser preservada, nós precisamos mostrar isso para a sociedade, esse Clube marcou a história de Irati”, disse.

A secretária de Cultura, Samanta Regina dos Santos, esteve presente no evento e falou sobre a sua trajetória no Clube. “Eu tenho um pouquinho de história no Clube, nos anos de 2010, 2011 e 2012, eu trabalhei no espaço, o departamento de turismo ficava localizado nele e foram anos de trabalho. Eu sou apaixonada pelo Clube, pela sua história e são muitas histórias que emocionam”.  

O historiador Lucas Antoszczyszyn explicou que fez parte da organização do evento e da exposição das debutantes que estava em um dos salões do clube. “A exposição é resultado do meu trabalho acadêmico e é isso que me deixou mais feliz, muitas vezes os trabalhos acadêmicos ficam esquecidos e quando pensamos nesses 100 anos, resolvemos trazer esta história que é pouco lembrada”, comenta.

Foto: Reprodução grupo do Facebook “Era uma vez, em Irati”

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