Produtor fala sobre as dificuldades, desafios e a rotina no campo

Karina Ludvichak

Há cerca de três anos o casal Giuliano Less e Marilei Roik resolveram mudar de vida, trocando a rotina agitada na cidade pela tranquilidade do campo. Eles são proprietários do Sítio do Zé, em Gonçalves Júnior, interior de Irati, onde trabalham na atividade leiteira.
Giuliano conta que o casal resolveu sair da cidade e investir na atividade rural por motivos pessoais, mas que antes disso, ambos trabalhavam em empresas privadas, ele na área da engenharia florestal e Marilei no setor administrativo. Less explica que atualmente eles têm 38 vacas, mas apenas 20 estão em lactação.

A rotina dos dois se inicia cedo, às 5h da manhã Marilei e Giuliano já estão de pé para fazer a primeira ordenha do dia. Ao todo, são duas ordenhas diárias, sem pausa aos finais de semana. A segunda ordenha acontece às 18h, e durante todo o dia na propriedade o casal está realizando alguma atividade, já que os animais demandam de bastante cuidado, pois eles são cooperados da Castrolanda e, o maior retorno financeiro que a empresa oferece é a partir da qualidade do leite.

É uma profissão que exige dedicação

Giuliano Less


Para trabalhar com leitaria não basta apenas gostar, você tem que aguentar, porque não é uma atividade fácil

Giuliano Less

NUTRIÇÃO E QUALIDADE
O leite produzido pelos animais da propriedade é vendido diretamente à Castrolanda, in natura, e atende a diversos requisitos, “a quantidade de gordura e proteína do leite vai dar uma maior remuneração ao produtor”, observa Giuliano.

Foto: Hellen Roik

Além da silagem do milho, que é a base alimentar das vacas na propriedade, os animais recebem um complemento alimentar chamado de pré-secado. “O pré-secado é uma forma de armazenagem de alimento. Ela pode ser de várias forrageiras. Pode ser de azevém, aveia, milheto e até mesmo de silagem de milho”, explica Less.


Segundo o proprietário, o alimento é embalado através de um maquinário específico, “isso permite que o material se conserve por mais tempo”.
Depois de plastificado, quanto menos manuseio tiver do alimento, mais tempo ele vai durar. A durabilidade do armazenamento pode ser ainda maior se o alimento não tiver contato com oxigênio. “Até seis meses ela vai se conservar bem, vai depender muito do manuseio do material e a qualidade da embalagem”.

Para o produtor, uma “bola” de pré-secado com cerca de 400 km de alimento dura em torno de cinco dias para a quantia de animais que ele tem. “O pré-secado é importante para suprir a parte de proteína e fibra, principalmente fibra longa”.

“Na atividade nós usamos a expressão ‘a vaca vai te dar aquilo que ela comeu”, brinca Giuliano ao explicar que alimentação do animal interfere diretamente na qualidade do leite e finaliza: “O quilo de alimento que você está dando para o animal reflete em leite”.


PROFISSÃO
Giuliano comenta que “para se manter na atividade tem que buscar conhecimento”, e que não basta apenas depender dos profissionais da cooperativa, além disso, segundo o produtor, aprofundar o conhecimento na área em que atua traz mais autonomia para quem trabalha no campo.

Ele explica que fora a cooperativa, eles também contam com profissionais da Prefeitura que prestam assistência aos pequenos produtores. “Mas o grosso do serviço a gente tem que aprender a fazer e ficar o quanto menos dependente de ajudas externas”.

Less conta que já recebeu propostas para voltar a trabalhar no setor privado, mas que recusou, pois gosta do ramo em que atua. “Não são só os animais, é a atividade em si”.

Foto: Karina Ludvichak


Giuliano finaliza dizendo que não basta gostar da atividade, as pessoas também tem que buscar se profissionalizar e aprofundar os conhecimentos no ramo em que atua. “A assistência técnica nos ajudou muito a evoluir na questão que conhecimento, manejo e gestão da atividade, mas nem todos são cooperados, por isso é importante buscar conhecimento no ramo”.

Fotos: Hellen Roik e Sthefany Brandalise

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