Enquete discute finalidade da obra do teatro em Irati

Jaqueline Lopes

Parada há mais de 10 anos, a obra do Centro Cultural Denise Stoklos, o teatro de Irati, ainda não tem previsão de ser concluída. Agora, a Prefeitura criou uma enquete para saber a opinião popular sobre a construção. Se termina como teatro ou utiliza para outra finalidade. A discussão trouxe à tona como está a situação da construção.
A obra é do Governo do Estado. E a prefeitura cedeu o terreno para a construção. Irati foi escolhido pelo governador da época, Roberto Requião, para receber o Teatro, porém com a saída do governo para disputar as eleições, e outras gestões, a obra não teve mais movimentação desde que a construtora desistiu em 2011.

Luiza Fillus, professora aposentada: “Eu entendo que o Centro Cultural deve ser concluído, mas também sou a favor 100% de qualquer atividade que se refira a saúde. Naquele espaço, temos a estrutura praticamente pronta e nós necessitamos de ter cursos de arte, temos a Unicentro que pode fazer um trabalho maravilhoso dentro do teatro, da música, do cinema. Irati merece um espaço como esse. Também merece saúde, mas aquele espaço é do teatro”.

São cerca de 11 mil m² de área, e o espaço construído é de, aproximadamente, cinco mil m², Foram investidos, no primeiro momento, R$ 5 milhões. A prefeitura está em discussão com o Governo do Estado e o Tribunal de Contas para dar finalidade à obra. “Nós queremos saber a opinião da população. Qual é a destinação do prédio, se faremos a obra como teatro, usamos para a cultura ou para outro setor, mas, para isso, precisamos ter um respaldo da população iratiense, o que pensa e acha de fazermos a alteração desse objeto que foi feito o convênio lá atrás, na construção”, disse o secretário de Planejamento, João Almeida.

Enezito Ruppel, empresário: “Acho que de qualquer maneira, seja estado ou município, aquele imóvel deve ser utilizado. É um projeto arquitetônico muito bonito para estar parado desta maneira. Nós, na época da Fundação Denise Stoklos, torcíamos muito para que o estado terminasse aquilo e fosse um teatro de referência para a região. A Prefeitura poderia utilizar o local para um espaço administrativo. Hoje, o CAM está em estado precário, aquele imóvel poderia ser usado para as Secretarias, e diminuir as despesas. Consequentemente, teríamos um espaço bonito na entrada da cidade”.

A Prefeitura já tentou outras opções, pois querem que seja utilizado pela população. “O que nós temos que fazer é terminar a obra, seja como teatro, como prédio de saúde, esportivo, cultural, mas temos que terminar, porque é um cartão postal negativo da nossa cidade logo na entrada do município e já se tornou marco histórico”, conclui Almeida.
A nossa reportagem entrou em contato com o Governo do Estado, mas não teve resposta até o fechamento desta edição.

Estela Mara Rosa, presidente da ADCSUL: “Penso que a obra do Teatro poderia se transformar em um Centro de Convenções com espaços variados para sediar eventos, feiras, congressos, incluindo, obviamente, espaço para apresentação de peças teatrais, mas que seja um local vivo, e há muitos bons exemplos destes espaços. Quem sabe caberia uma ou outra Secretaria e até um local para informações turísticas, já que está situado na entrada da cidade. Importante é dar vida e movimento à obra”.

UNICENTRO
Em 2012, a obra foi cedida para a Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), campus Irati, por meio de uma Lei, e tinha como objetivo a finalização do espaço, em um prazo de 36 meses, prorrogado para mais 36, no caso seis anos para a conclusão. De acordo com o reitor da Unicentro campus Irati, Fábio Hernandes, eles analisaram o que a universidade fez para buscar recursos que pudessem finalizar a obra, além disso, quais os benefícios que o espaço poderia trazer a comunidade.

Rafael Ruteski, diretor e professor do Sesi Irati: “Sou a favor que a obra seja terminada como teatro, porque a cultura traz muitos benefícios. Essa obra foi um presente para Irati do governador da época para o centenário. É importante, não só para Irati, mas para o Paraná, visto que nós temos uma cultura muito rica no Centro Sul. Essa obra, financeiramente, é capaz de se retroalimentar, de servir para locações de formaturas e grandes espetáculos, como também a própria Unicentro já colocou com o curso de Artes Cênicas, e isso vai valorizar ainda mais”.

A Unicentro programou incluir o curso de Artes Cênicas para o campus, que poderia utilizar o espaço. Na época em que foi cedida para a universidade, o valor para finalizar a obra era de R$ 5 milhões. Segundo Hernandes, por meio da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF) foram conseguidos R$ 1,5 milhão, e mais de R$ 3,7 milhões pela universidade. “Pelo porte da obra, iríamos repassar esse valor ao Paraná Edificações para que fosse finalizada, mas, desde então, o governo não repassou. A Secretaria da Fazenda, da época, não disponibilizou, por mais que os órgãos tenham viabilizado esse valor aproximado de R$ 5 milhões, quem autoriza é a Secretaria de Fazenda o que não aconteceu. Assim, não houve o repasse dos orçamentos”, comenta o reitor.

Herculano Batista Neto, presidente da ALACS: “Sempre defendi e vibrei com aquele espaço ser o Centro Cultural, que teria oficinas para aprendizado. Seria um centro que atrairia toda a região. Nós, talvez, pudéssemos, com isso, retomar uma identidade aqui em Irati olhando o lado cultural. Sempre vou defender a ideia de que seja um centro cultural. Vamos fazer todos os esforços, se não uma entidade pública assumir, que seja particular, mas que se cumpra o que se sonhou, que ali seja voltado para o lado cultural”.

Agora, necessita que a obra seja licitada e finalizada, e é preciso terminar todo o projeto. De acordo com os documentos que a universidade possui, são cerca de R$ 20 milhões para finalizar toda a obra do Teatro. “É um valor significativo e, neste sentido, a Unicentro não tem logrado êxito”, disse o reitor.
“Acredito que a gente possa ter, no futuro, a possibilidade da concretização do curso de Artes Cênicas e, obviamente, se a tiver uma parceria com a Prefeitura, ceder esse espaço para estar lá com os nossos estudantes e fazer festivais de música, teatro e trazer mais próximo da cidade”, comenta.

Leonardo Barroso, jornalista e presidente do Conselho Municipal de Cultura de Irati: “Em primeiro lugar, existe um erro comum de chamar o espaço de ‘Teatro’, o que é compreensível pelo fato de que a obra leva o nome da Denise Stoklos. No entanto, sem qualquer demérito à importância das Artes Cênicas, é preciso mencionar que um Centro Cultural abrange uma gama de atividades que vai além do Teatro. Tratando-se de um espaço que já esteve relacionado à Unicentro, fica evidente que ao menos no setor da Educação – que em geral é tratado como prioridade nos Planos de Gestão – ele também teria sua relevância, para a realização de atividades como cursos, palestras, oficinas, exposições, entre muitos outros”.

OPINIÕES – A nossa reportagem fez uma enquete no Instagram para saber a opinião dos nossos leitores. O resultado parcial é de que 67% preferem que seja utilizada para outra finalidade, já 33% querem que a obra seja concluída como Teatro. Foram 501 votantes. Já na enquete feita no site, com 63 pessoas, a grande maioria, 57% também querem que tenha outra finalidade para a obra. Os outros 43% querem que termine como teatro. Também coletamos algumas opiniões da comunidade que defendem o ponto de vista sobre o assunto, e estão espalhadas na página.

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