Prudentopolitanos se manifestam contra ataques da Rússia a Ucrânia

Daniela Valenga e assessoria

A comunidade Ucraniana de Prudentópolis organizou uma manifestação contra ataques russos à Ucrânia na praça que leva o nome do país. Depois de semana de tensão na região de fronteira entre os dois países, na madrugada de 24 de fevereiro houveram os primeiros ataques. O objetivo da manifestação é demonstrar como os ucranianos da diáspora sentem e são contra os ataques ao país pela Rússia.

“As reações da comunidade são de tristeza, apreensão e incerteza”, descreve a descendente de ucranianos e professora Felomena Procek. Ela relata que a insegurança é algo que a comunidade já sente há semanas, conforme a crise se agravava na Europa. “Não sabemos o que acontecerá daqui por diante e nem o que o mundo, principalmente a Europa, fará em defesa da paz”, aponta.

O Bispo Dom Meron Mazur, responsável pela Eparquia Nossa Senhora Imaculada Conceição de Prudentópolis, uma das entidades integrantes da Representação Central Ucraniano Brasileira, também descreve um sentimento de tristeza e preocupação da comunidade relacionada aos conflitos. “Isto provoca uma dor muito profunda, mexe com os sentimentos que estão alojados nos corações de todos os descendentes”, fala.

Felomena explica que a Representação Central Ucraniano Brasileira, com sede em Curitiba, tem atuado intensivamente junto aos governos, através de cartas e petições relacionadas à questão. “Nós, o povo, ficamos aflitos e não temos o que fazer, então apelamos para a oração”, desabafa Felomena. Foram organizadas diversas celebrações e rodas de oração pela comunidade pela paz na região.

“O governo municipal solidariza-se com o governo da Ucrânia, com a cidade irmã Ternópil e com toda a comunidade ucraniana local, nacional e mundial, colocando-se ao lado desta e clamando pelo respeito à soberania da Ucrânia” – Prefeito Osnei Stadler

O Brasil tem mais de 600 mil descendentes de ucranianos, sendo que o Paraná é um dos estados com maior número. Prudentópolis é conhecida como “Ucrânia brasileira”, pela preservação da cultura e da história. “Hoje a ligação com a Ucrânia é mais afetiva que física. A maioria são descendentes de terceira ou quarta gerações, mas isso não importa, porque está muito viva a riqueza cultural e o sentimento de pertença às suas origens”, descreve Dom Mazur.

HISTÓRIA

Os conflitos entre Ucrânia e Rússia ocorrem há cerca de 8 anos. Em novembro de 2013, houve a queda de Viktor Yanukovych, então presidente da Ucrânia e pró-Rússia, após os protestos na Praça da Independência. Após a queda, no primeiro semestre de 2014, a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia como parte do seu território.

“Durante estes 8 anos morreram cerca de 13 mil soldados e pessoas que moram na fronteira entre os dois países fugiram para outros lugares da Ucrânia ou até mesmo para outros países”, conta Felomena Procek. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 1,4 milhão de ucranianos ainda são considerados deslocados internos, ou seja, que deixaram suas residências e ainda não fixaram uma nova moradia.

Apesar da anexação da Crimeia ao território Russo não ter causado confronto armado direto, provocou uma série de conflitos internos na Ucrânia e um clima de alerta entre os dois países. Uma das regiões de maior tensão é em Donetsk e Lugansk, locais em que separatistas apoiados pela Rússia lutam pela independência das duas regiões ucranianas.

Durante um pronunciamento em 21 de fevereiro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou o reconhecimento dos territórios como repúblicas independentes. Isso aumentou o clima de tensão na fronteira que já ocorria há semanas, quando a Rússia começou a concentrar equipamentos militares pesados e enviou 100 mil soldados para a região.

Na madrugada do dia 24 de fevereiro, Putin anunciou uma “operação militar especial” na Ucrânia e ameaçou que os países que tentassem interferir sofrerão consequências. O governo da Ucrânia confirmou ataques em pelo menos 15 regiões do país. Além dos relatos de ataques aéreos e explosões, tropas russas foram vistas cruzando as fronteiras ucranianas.

REPERCUSSÃO

Além da preocupação e questão psicológica vivenciada pelos descendentes de ucranianos no Brasil, como lembrado por Dom Mazur, a guerra desestabiliza todo o cenário mundial. “Além de ameaçar a paz mundial, também há o impacto político e econômico, provocando grande conflito entre as nações. A crise impacta também a vida dos brasileiros”, ressalta.

O valor do petróleo, cuja Rússia é um dos principais produtores, superou os US$100 pela primeira vez em sete anos. Uma das consequências é o aumento do valor da gasolina, por exemplo. A partir do ataque, às agências econômicas também registraram oscilações no valor do dólar e nas bolsas de valores, o que afeta a economia mundial.

Países como Alemanha, Estados Unidos, França, Japão, Reino Unido, Turquia, entre outros, condenaram os ataques da Rússia contra a Ucrânia. Belarus e Venezuela apoiaram a invasão.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota que fala: “O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”.

PREFEITURA E GOVERNO DO ESTADO SE SOLIDARIZAM

Em solidariedade aos acontecimentos na Ucrânia, a Prefeitura de Prudentópolis, através do prefeito Osnei Stadler, emitiu uma nota oficial. Também, fez o envio de um ofício ao prefeito de Ternópil, Serhij Nadal, que é a cidade-irmã do município.

“Prudentópolis segue com as portas e com o coração aberto ao povo ucraniano como o fez há mais de cem anos, quando recebeu os primeiros imigrantes que aqui construíram sua história e influenciaram diretamente no modo de vida de nossa terra”, afirma o prefeito Stadler na nota. Ainda, completa que estarão “postos para prestar ajuda que nos for possível”.

O Governo do Estado do Paraná se solidariza com a população ucraniana. “Temos fortes laços com a Ucrânia. Vivem no Estado quase 500 mil ucranianos e seus descendentes, o maior contingente desta população fora do país de origem”, destacou o governador em exercício Darci Piana. “Compartilhamos com nossos irmãos ucranianos a preocupação com as consequências desse conflito e esperamos que uma solução diplomática seja encontrada com rapidez e evite mais sofrimento para a população civil daquele país”, ressaltou.

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