Por que o nariz “entope” quando estamos com gripe, resfriado ou Covid?

Dr. Bruno L. Alencar
Otorrinolaringologista
CRM 18299 RQE 13511

Primeiro é preciso entender o complexo papel do nariz no sistema respiratório humano. Ele principalmente filtra, umedece e aquece (com o calor de vasos sanguíneos) o ar inspirado para que chegue da melhor forma aos pulmões, de onde o oxigênio será distribuído para o resto do corpo por meio do sangue.
O otorrinolaringologista Dr. Bruno Leonardo Alencar, explica que o nariz é responsável por equilibrar o ar que inspiramos para a temperatura corporal. É o nosso termostato (dispositivo que regula a temperatura). O nariz aquece o ar e produz muco para nos defender. E não é pouco: a mucosa nasal costuma produzir quase 1,5 litro por dia de secreção para manter as vias aéreas úmidas e ajudar a barrar e descartar partículas ou micro-organismos filtrados também por pelos nasais.
Quando olhamos a mucosa (a pele que reveste o nariz) no microscópio, parece um tapete, porque é cheia de pelinhos, que são os cílios. Eles ficam batendo para transportar essa secreção. Parecem algas no fundo do mar quando os vemos varrendo em direção à garganta.
Mas nem sempre o nariz passa ileso ao desempenhar essas funções, e é aí que ele pode acabar entupido ou congestionado com tanto muco que às vezes ele escorre (coriza). Dr. Bruno explica as diferenças sutis entre essas duas reações, que podem acontecer ao mesmo tempo no caso de doenças como gripe, resfriado ou Covid-19.
No caso do nariz entupido (ou obstruído), ocorre pelo inchaço da mucosa, principalmente em uma estrutura na região inferior do nariz chamada concha nasal. “Ela é um epitélio que aumenta e diminui. Mas quando ele inflama, pode aumentar muito e acabar entupindo o nariz.
A congestão se dá quando o batimento dos cílios diminui e a secreção se acumula e se condensa no nariz. Tomada por esse muco, a mucosa nasal fica inflamada, com vasos sanguíneos inchados.
Em geral, esse excesso de muco é produzido pelo corpo como uma reação imunológica posterior à invasão bem-sucedida daqueles micro-organismos que conseguiram ultrapassar a barreira nasal e causar doenças nos pulmões, por exemplo.

Descongestionantes nasais: benefícios e riscos
A congestão nasal pode ocorrer em resfriados ou alergias, por exemplo, em que a secreção sai sem que se perceba. Mas há momentos em que o corpo não consegue eliminar todo esse muco nasal e muitas pessoas recorrem aos descongestionantes vendidos em farmácias.
Há dois tipos principais deles: os que são administrados diretamente no nariz e os que são administrados pela boca (em forma de xarope ou comprimido). Em geral, esses medicamentos têm um papel de contraírem os vasos sanguíneos do nariz (vasoconstrição), melhorando o incômodo da congestão e ajudando a respirar melhor.
Mas essa melhora não é natural, já que foi obtida pelo produto farmacêutico, então o alívio (benefício para algumas pessoas) é temporário. Um tempo depois, os vasos sanguíneos do nariz voltam a dilatar e a congestão volta. A partir daí, há um vaivém de contrair e descontrair os vasos do nariz que para algumas pessoas é sinônimo de alívio.
Apesar dos benefícios envolvidos, há também diversos riscos, principalmente para crianças, grávidas, lactantes e idosos.
Segundo o otorrinolaringologista, gestantes e lactantes devem conversar com seus médicos sobre o uso desse tipo de medicamento, mas, de maneira geral, não se usa descongestionantes nem tópicos (aplicado no local), nem sistêmicos (medicamentos orais) em gestantes e lactantes.

Lavagem nasal: benefícios e riscos
Esse tipo de tratamento, que basicamente lava as narinas com soro fisiológico, vem sendo considerado por especialistas como uma das saídas mais efetivas para o cuidado e tratamento de doenças que afetam o nariz. Além de ajudar a prevenir crises de sinusite ou rinite, por exemplo, ao melhorar em alguns casos a circulação sanguínea e a eficiência da mucosa nasal.
Pacientes com rinite alérgica, congestão nasal e excesso de secreção costumam usar essa técnica com frequência, principalmente porque eventuais efeitos adversos envolvem riscos bem menores: a irritação no nariz e a remoção indevida de defesas nasais.
A lavagem nasal pode ser feita em pessoas de todas as idades, mas a quantidade varia a depender da faixa etária. Crianças mais novas podem precisar do auxílio de adultos para realizar o procedimento. Em geral, podem ser usados seringas (sem agulhas) ou dispositivos específicos para isso (vendidos em farmácias ou lojas de artigos médico-hospitalares).

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